Com a Reunião de Cúpula Brasil-Caribe marcada para 13 de junho, em Brasília, o Itamaraty antecipou os cinco temas centrais que devem compor o documento final do encontro entre chefes de Estado e de governo. Segundo a embaixadora Gisela Padovan, secretária para América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores (MRE), as reuniões preparatórias definiram como consensuais os seguintes eixos: segurança alimentar e nutricional, mudanças climáticas, transição energética, gestão de riscos e conectividade.
O encontro reunirá representantes de 17 países, incluindo oito presidentes e seis primeiros-ministros, além de vice-presidentes e autoridades de organismos internacionais. A agenda de integração regional é tratada como prioridade pelo governo Lula, que aposta na cooperação prática para enfrentar desafios comuns e fortalecer a representatividade dos países latino-americanos e caribenhos no cenário global.
Segurança alimentar e mudanças climáticas
O Brasil pretende usar sua capacidade produtiva para apoiar os países caribenhos, muitos dos quais dependem de importações para suprir até 80% de suas necessidades alimentares. O país, que produz alimentos para cerca de 1,6 bilhão de pessoas, quer ampliar a cooperação por meio de instituições como a Embrapa e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Um dos gargalos identificados é a falta de rotas diretas de exportação, o que faz com que alimentos brasileiros passem pelos Estados Unidos antes de chegar ao Caribe.
A cúpula também vai propor uma posição conjunta para a COP30, em Belém, com destaque para a necessidade de financiamento climático internacional. A transição energética será debatida em paralelo à dependência do petróleo nos países caribenhos. Outro foco é a articulação de seis mecanismos regionais já existentes para gestão de riscos de desastres, especialmente relevantes para ilhas vulneráveis à elevação do nível do mar.
Conexões
A conectividade física e digital é outro ponto-chave do encontro, com propostas para ampliar voos, melhorar acessos portuários e criar rotas terrestres, como a ligação entre Roraima e Georgetown, capital da Guiana. O objetivo é facilitar o comércio, o turismo e a integração regional, reduzindo custos e tempo de transporte de mercadorias.
Haiti
A situação do Haiti, considerada dramática pelos países caribenhos, também será discutida. O Brasil já coopera com o país em áreas como segurança e construção civil, inclusive treinando profissionais haitianos por meio da Polícia Federal (PF).
O país caribenho enfrenta um controle de grupos armados, com cerca de 200 gangues guerreando no Haiti, agravando também a crise política, que teve uma série de governos ditos sem legitimidade desde o assassinato do presidente Jovenal Moïse em 2021. Mais da metade da população também sofre com a fome.