Durante o último dia de sua viagem à China, nesta quarta-feira (14), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o grupo BRICS— liderado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — não pretende “brigar” com o dólar, mas sim encontrar uma alternativa para transações comerciais internacionais.
“Venho batendo nessa tecla há muito tempo. Nós não precisamos, todos os países, ir atrás do dólar para fazer comércio exterior”, declarou o presidente.
Lula mencionou a possibilidade de adoção de uma moeda única ou de uma cesta de moedas, proposta que vem sendo discutida entre os países do bloco, especialmente em um cenário de maior protagonismo geopolítico.
BRICS quer incluir os excluídos no sistema global
O presidente brasileiro destacou a relevância do BRICS no contexto mundial, afirmando que o grupo pode “mudar a história” ao incluir países tradicionalmente excluídos dos sistemas político e econômico globais.
Lula pediu que as potências internacionais não subestimem a força do BRICS, que este ano será presidido pelo Brasil. A próxima cúpula do bloco acontecerá nos dias 6 e 7 de julho no Rio de Janeiro.
A discussão sobre uma moeda alternativa ao dólar tem gerado reações no governo dos Estados Unidos. O presidente Donald Trump, afirmou em fevereiro que poderia impor tarifas de até 100% sobre os países do BRICS, caso avancem com a criação de uma nova moeda.
Lula lamenta morte de Mujica
Na abertura de sua coletiva, Lula prestou homenagem ao ex-presidente uruguaio José Mujica, falecido na última terça (13). O brasileiro anunciou a intenção de comparecer ao funeral.
“Sua grandeza humana ultrapassou as fronteiras do Uruguai e de seu mandato presidencial. A sabedoria de suas palavras formou um verdadeiro canto de unidade e fraternidade para a América Latina”, disse o presidente.
Apelo pela paz entre Rússia e Ucrânia
Sobre a guerra no Leste Europeu, Lula afirmou que pretende conversar com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, para que haja diálogo com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, com o objetivo de buscar uma saída diplomática para o conflito.
“Todos nós sabemos os motivos da guerra. Eu estou preocupado é em encontrar o motivo da paz”, declarou.
Fortalecimento da relação Brasil-China
Lula celebrou o fortalecimento da parceria com a China, principal parceiro comercial do Brasil. A viagem resultou em 37 acordos bilaterais assinados entre os dois países, em áreas como agricultura, ciência, meio ambiente e infraestrutura.