O governo brasileiro participou neste domingo (25) de uma reunião internacional em Madri, na Espanha, ao lado de representantes de outros 19 países, para discutir medidas de apoio à Faixa de Gaza e pressionar Israel pelo fim da guerra.
O encontro, organizado pelo governo espanhol, reuniu chanceleres de países europeus, árabes e latino-americanos, incluindo Alemanha, Reino Unido, Itália, Egito, Arábia Saudita, Turquia e Marrocos, além do Brasil, representado pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.
Pressão internacional e solução de dois Estados
O principal objetivo do encontro foi intensificar a pressão internacional para que Israel interrompa sua ofensiva militar em Gaza, e aceite negociações para a criação do Estado da Palestina, dentro da chamada solução de dois Estados. O grupo também discutiu a possibilidade de sanções, caso Israel mantenha a rejeição à criação do Estado palestino e ao cessar-fogo.
O chanceler Mauro Vieira criticou duramente a inação da comunidade internacional diante do massacre de civis em Gaza:
“Ninguém poderá alegar desconhecimento sobre as atrocidades em curso, transmitidas diariamente ao vivo pelos meios de comunicação. Nenhum interesse nacional, nenhuma consideração de política doméstica justificam o silêncio diante de crimes que erodem os alicerces do ordenamento jurídico internacional”.
Reconhecimento da Palestina na ONU
O encontro serviu de preparação para a Conferência Internacional sobre a Questão Palestina, prevista para junho em Nova York, onde o Brasil coordenará um dos grupos de trabalho da cúpula da ONU sobre o tema. O chanceler brasileiro reafirmou que ampliar o reconhecimento internacional da Palestina como Estado e promover sua admissão como membro pleno da ONU são passos indispensáveis para a solução de dois Estados.
Atualmente, 145 países dos 193 membros da ONU reconhecem a Palestina como Estado independente, o que representa cerca de 75% dos países do mundo. Esse número inclui a maioria dos países da África, Ásia, América Latina e Oriente Médio, mas ainda exclui grandes potências ocidentais como Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Reino Unido, Itália, Japão e Austrália.
O primeiro-ministro de Malta, Robert Abela, anunciou no último domingo (25), que o país será o próximo a oficializar o reconhecimento do estado da Palestina.
Guerra em Gaza
Desde outubro de 2023, mais de 53 mil palestinos morreram em Gaza em consequência da ofensiva israelense, segundo dados reconhecidos pela ONU. Israel, por sua vez, rejeita sistematicamente a criação do Estado palestino. Em julho de 2024, o parlamento israelense aprovou resolução contrária à proposta, alegando que isso representaria “um perigo existencial para o Estado de Israel e seus cidadãos”.