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Aumento das tarifas impactará popularidade de Trump, diz especialista

Medidas devem ampliar incertezas no mercado global e beneficiar o agronegócio brasileiro

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Na quarta-feira (4) desta semana, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou tarifas adicionais de importações para diversos países do globo, incluindo o Brasil. Essa medida, no entanto, impacta o mercado interno americano, que deve enfrentar um aumento dos preços e, consequentemente, a popularidade do presidente norte-americano.

As novas tarifas americanas entraram em vigor neste sábado (5) e variam de 10% a 50%. O objetivo de Trump é estimular a indústria americana e valorizar os produtos nacionais. No entanto, a medida levaria tempo para gerar efeitos no campo industrial americano, enquanto, por outro lado, o consumidor sentirá os impactos mais rápido.

Incerteza econômica e fuga de investimentos

Segundo Leonardo Paz, pesquisador do Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o aumento da inflação também deve impactar negativamente na popularidade de Trump, o que pode motivar o presidente americano a repensar sobre as medidas e voltar atrás com os anúncios. Nesse sentido, a falta de previsibilidade sobre as decisões norte-americanas também impactam negativamente o país. “Porque todo mundo tem clareza que a coisa que o capital mais gosta é estabilidade”, destaca o pesquisador.

A incerteza sobre o cenário americano e de novos anúncios de decisões econômicas a qualquer momento afasta investidores do país. “Supomos que eu sou investidor e nesse momento eu estou querendo expandir, sair do Brasil, e abrir em outro país. Eu não falo nos Estados Unidos, porque eu não sei que tarifa ou sanção contra quem vai ter amanhã. Então, eu ia esperar para passar um pouco essa tempestade para ver o que eu iria”, exemplifica Paz.

Inflação e desaceleração da economia

De acordo com o pesquisador, o primeiro resultado dessa medida é o aumento dos preços, especialmente, no mercado interno americano. “Os países vão começar a ter que vender essas coisas mais caras para os Estados Unidos e o que eles (americanos) não conseguirem produzir, vão ter que importar mais caro. Então, o cenário 1 é um impacto muito pior para os EUA, do que para o mundo”, explica.

Diante desse aumento dos preços de bens e de serviços, surge o fenômeno da inflação e da desaceleração da economia. Nas eleições americanas de 2024, a preocupação com a inflação alta foi uma das razões que impediram o ex-presidente, Joe Biden, de se reeleger. No Brasil, atualmente, o alto preço dos alimentos também afetou na popularidade do presidente Lula (PT), que está em queda desde janeiro deste ano e se encontra no pior patamar do mandato, com 56% de desaprovação.

Guerra comercial

Como retaliação, a China anunciou 34% de tarifas sobre importações de produtos norte-americanos. Além disso, é possível que outros países também respondam as medidas anunciadas por Trump. Diante disso, também aumenta a possibilidade de uma guerra comercial eclodir no globo. “Se eles aumentarem desproporcionalmente a taxa entre eles, o Brasil de repente, porque não foi muito taxado em relação aos outros, pode ficar um pouco mais competitivo para vender no próprio mercado americano”, informa o pesquisador.

Segundo o Washington Post, os Estados Unidos exportam para China, principalmente, sementes oleaginosas, como soja, e grão, como milho. Há possibilidade do agronegócio brasileiro ser beneficiado nesse cenário e enviar commodities para os chineses, já que não acumula taxas e conta com a super safra de grão prevista para este ano.

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  • Curso jornalismo na Universidade de Brasília (UnB) e busco unir meus conhecimentos da área da comunicação com o propósito da Arko Advice de entregar as principais notícias da política brasileira.

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