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Ataque de drones israelense atinge navio de ajuda humanitária em águas internacionais

Embarcação da Flotilha da Liberdade foi atingida próxima à Malta; Brasil tem representante entre os voluntários

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Um navio da Flotilha da Liberdade que transportava ajuda humanitária para Gaza foi atingido por drones na madrugada desta sexta-feira (2), em águas internacionais próximas a Malta, segundo informações confirmadas pelo governo maltês. O ataque causou explosões, incêndio e danos estruturais à embarcação, mas nenhum dos 30 voluntários a bordo ficou ferido.

A iniciativa internacional, formada por voluntários de mais de 21 países, tenta romper simbolicamente o bloqueio israelense à Faixa de Gaza, levando alimentos, água potável e medicamentos à população palestina. O navio atacado, chamado Conscience, é um barco de pesca convertido para fins humanitários.

Israel não comenta sobre o ataque

De acordo com o governo de Malta, duas explosões atingiram a proa do navio, iniciando um incêndio às 00h23 (horário local). A tripulação solicitou socorro às 00h30, relatando que as chamas estavam fora de controle. O incêndio foi controlado às 1h28 por um rebocador e, às 2h13, foi confirmado que todos os ocupantes estavam em segurança. A embarcação permanece fora das águas territoriais, e segue monitorada por autoridades marítimas.

O Exército de Israel não respondeu aos pedidos de esclarecimento da imprensa internacional. Em comunicado, a Flotilha da Liberdade (FFC) condenou o ataque, e exigiu que os embaixadores de Israel sejam responsabilizados por violação do direito internacional, já que o episódio ocorreu em águas internacionais.

A organização também instou a comunidade internacional a condenar a agressão, solicitando investigação independente e ampla mobilização civil para proteger os ativistas e o direito à ajuda humanitária.

Brasileiro entre os voluntários

Entre os voluntários a bordo do navio está o brasileiro Thiago Ávila, conhecido pela sua defesa dos direitos humanos e da causa palestina. Ele viajava com outros civis da sociedade civil global, incluindo representantes de movimentos de paz, religiosos e médicos voluntários. A ativista ambiental Greta Thunberg também estaria entre as pessoas a bordo.

Na última terça-feira (29), o Brasil solicitou à Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, que declare ilegal o bloqueio imposto por Israel à entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, que já dura mais de 50 dias. A petição foi apresentada pelo embaixador Marcelo Viegas durante audiência pública da Corte, convocada a pedido da Assembleia Geral da ONU para analisar as obrigações de Israel em garantir suprimentos essenciais à população da Palestina.

A Faixa de Gaza é um dos dois territórios restantes da Palestina, juntamente com a Cisjordânia. Israel controla todos os acessos do povo palestino às regiões, frequentemente culminando em violência.

Ataque relembra episódio de 2010

A Flotilha da Liberdade atua em meio ao agravamento da crise humanitária na Faixa de Gaza, após dois meses sem entrada de ajuda humanitária, consequência do bloqueio e da ofensiva militar de Israel. Segundo a Cruz Vermelha, Gaza está “à beira do colapso total”. Estima-se que mais de 50 mil palestinos já morreram desde o início da guerra, com dezenas de milhares de feridos, e infraestrutura devastada.

O ataque à embarcação humanitária revive a memória do incidente de 2010, quando forças israelenses invadiram o navio turco Mavi Marmara, matando nove pessoas. O episódio gerou forte repercussão e levou à ruptura das relações diplomáticas entre Israel e a Turquia.

Autor

  • Jornalista formado pela Universidade Católica de Brasília (UCB). Com experiência em Política, Economia, Meio Ambiente, Tecnologia e Cultura, tem passagens pelas áreas de reportagem, redação, produção e direção audiovisual.

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