O Tribunal Superior da Espanha anunciou nesta terça-feira (29) que investigará o apagão em larga escala que atingiu o país e Portugal na segunda-feira (28) como um possível ato de sabotagem ou terrorismo. A medida foi tomada após o juiz Jorge Calama afirmar que, caso a suspeita se confirme, o caso será tratado como crime de terrorismo.
O episódio causou interrupções nos transportes, hospitais e redes de comunicação, afetando milhões de pessoas por toda a Península Ibérica. O governo espanhol mobilizou 30 mil policiais em uma declaração de emergência nacional, e anunciou uma apuração detalhada das causas do colapso elétrico. O premiê espanhol, Pedro Sánchez, admitiu que nenhuma hipótese está descartada, incluindo ataque cibernético, e afirmou que a investigação pode levar tempo.
Sistema elétrico entrou em colapso em segundos
A Red Eléctrica de España (REE, operadora no país) informou que a energia foi restaurada em 99,16% do território espanhol na manhã desta terça. Em Portugal, a Redes Energéticas Nacionais (REN) também declarou que a rede está estabilizada, com todas as subestações reativadas antes da meia-noite.
Segundo Sánchez, a Espanha perdeu 15 gigawatts de eletricidade em cinco segundos, o equivalente a 60% da demanda nacional. “Isso é algo que nunca aconteceu antes”, disse. O governo português, por sua vez, alegou que não há indícios de ciberataque, mas reconheceu que a falha pode ter se originado na Espanha.
A REE afirmou que a falha começou na interconexão com a França, gerando um efeito dominó que superou os limites técnicos dos sistemas europeus. Partes da França também sofreram interrupções breves, e a Réseau de Transport d’Électricité (RTE), operadora francesa, teve que fornecer energia de emergência ao norte da Espanha.
Hospitais, metrôs e voos afetados
O apagão na região já é considerado histórico, pois afetou em pouco tempo diversos serviços, com hospitais operando com geradores e voos cancelados em ambos os países. Há relatos de que 80% da Espanha e 90% de Portugal ficaram sem internet.
O metrô de Lisboa e Porto foi interrompido, e o tráfego ferroviário ficou suspenso. Em Madri, o prefeito recomendou que moradores ficassem em casa e alertou sobre a lentidão na recuperação total da iluminação pública.
Na noite de segunda-feira, cerca de 35 mil passageiros foram resgatados de trens parados, enquanto outros 11 trens continuavam isolados em regiões remotas. Imagens de supermercados mostravam filas longas e prateleiras vazias, com cidadãos correndo para estocar alimentos.