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Setor do biodiesel alerta para quebra de confiança após adiamento do aumento da mistura

Deputado Alceu Moreira (MDB-RS) destaca impactos da decisão do CNPE e cobra previsibilidade para o setor

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O adiamento do aumento da mistura de biodiesel no diesel pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) gerou preocupação no setor. Segundo o deputado Alceu Moreira (MDB-RS), presidente da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio), a decisão compromete a confiança dos investidores e pode afetar o mercado de soja, além de colocar em risco a política de biocombustíveis no país.

“A política do Combustível do Futuro é um projeto muito bem trabalhado no Parlamento, construído com todos os setores e sancionado com festa. Essa política, originária dos governos Lula, gerou confiança no setor, que acreditava na previsibilidade. Por isso hoje existem R$ 200 bilhões preparados para investimento”, afirma Moreira.

No entanto, a suspensão do aumento de 1% na mistura do biodiesel, que passaria de 14% (B14) para 15% (B15) em março, fez com que empresas, de acordo com o deputado, reduzissem investimentos e colocassem projetos em standby.

O impacto direto recai sobre o agronegócio, de acordo com o deputado, argumentando que o aumento da mistura demandaria 6 milhões de toneladas de soja para esmagamento. Com a medida suspensa, a soja poderá ser vendida in natura, reduzindo o valor agregado da produção nacional.

“Vamos ter que vender soja em grama porque não vai ter esmagamento, mesmo havendo mercado de sobra para o biodiesel”, afirma.

Reação do setor

Moreira alega que o setor levou provas ao governo para demonstrar que o aumento não causaria impacto significativo na inflação.

“Trouxemos todos os argumentos possíveis para mostrar que não poderíamos ser a bola da vez na inflação. A mistura de 1% a mais geraria um impacto de R$ 0,01 na bomba, impacto praticamente zero”, relata Moreira.

Além disso, o deputado destaca que a decisão prejudica os esforços do Brasil para promover combustíveis renováveis, especialmente em eventos internacionais como a COP 30, onde o país planejava fortalecer a imagem dos biocombustíveis sustentáveis.

O governo prometeu reavaliar a decisão na próxima reunião do CNPE, mas o setor teme que, caso o B15 não seja restabelecido, os investimentos possam ser comprometidos de forma irreversível. “Temos confiança de que, com a grande safra de soja, o preço volte. Se passar a próxima reunião do Conselho [CNPE] e não restabelecerem os 15%, perde-se definitivamente tudo o que foi construído”, relatou o deputado.

Relação do governo com o agro e o setor de biocombustíveis

Apesar de um relacionamento historicamente tenso entre o governo Lula e o agronegócio, o setor de biodiesel sempre teve um diálogo mais próximo, pois o programa foi originalmente criado durante o primeiro governo Lula.

“O governo tinha uma relação difícil com o agro, mas muito boa conosco do biodiesel, porque esse era um programa construído ainda no governo Lula anterior”, afirma Alceu Moreira.

Autores

  • Jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). Coordenador de jornalismo na Arko Advice, contribui para o Política Brasileira com bastidores da política nacional. Tem passagem como repórter pelo Correio Braziliense, Rádio CBN e Brasil61.com. Mestrando em Ciência Política.

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  • Jornalista formado pela Universidade Católica de Brasília (UCB). Com experiência em Política, Economia, Meio Ambiente, Tecnologia e Cultura, tem passagens pelas áreas de reportagem, redação, produção e direção audiovisual.

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