15.5 C
Brasília

É o momento da Câmara discutir fim da jornada 6×1, diz presidente da CCJC

Em entrevista à Arko, o parlamentar também defendeu que União Brasil defina sua posição visando 2026

Data:

Após semanas turbulentas na Câmara, com a análise da cassação de Glauber Braga (Psol-RJ) e a suspensão da ação penal contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), a Casa tenta retomar a análise de projetos. E, no que depender do presidente da Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania (CCJC), Paulo Azi (União-BA), o primeiro tema a entrar na pauta deve ser o fim da jornada de trabalho 6×1.

Em entrevista à Arko Advice, o deputado defendeu que “é fundamental avaliar o impacto econômico, a possibilidade de aumento de custos, e se isso virá acompanhado de ganhos de produtividade”.

Confira a entrevista completa:


A pauta da CCJC acabou afetada pela suspensão da ação penal contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) e o recurso apresentado pelo deputado Glauber Braga (PSOL-RJ). Vencidas essas questões, qual deve ser a prioridade da comissão?

O início da nossa gestão foi conturbado devido a esses dois processos envolvendo deputados. Superada essa fase, nosso foco é dar atenção especial às pautas de iniciativa do governo, que tem legitimidade para propor projetos voltados para a implementação de suas políticas públicas. A PEC da Segurança Pública, por exemplo, terá prioridade, pois segurança é uma das principais preocupações da população. Também consideramos essencial debater os temas econômicos. O país vive um momento delicado, e projetos que tragam previsibilidade aos agentes econômicos e segurança jurídica aos setores produtivos receberão atenção especial, incluindo pautas importantes para a agropecuária.

Daremos atenção também às demandas dos trabalhadores. O governo sinalizou interesse em discutir a redução da jornada de trabalho. Entendo ser o momento de a Câmara se debruçar sobre o tema, com uma discussão ampla, envolvendo empregados, empregadores e toda a sociedade. É fundamental avaliar o impacto econômico, a possibilidade de aumento de custos, e se isso virá acompanhado de ganhos de produtividade. Também é preciso saber até que ponto o governo poderá contribuir para absorver esses custos.

A resistência dos governadores, com receio de perder poderes para a União, pode travar o avanço da PEC da Segurança Pública?

A PEC tem, no âmbito da CCJC, basicamente a avaliação da sua admissibilidade. Então, não vamos tratar das questões de mérito inseridas na PEC. É óbvio que o ponto central é se existe ou não uma invasão de competência que poderia ferir o Pacto Federativo. Por isso é importante a gente ouvir o ministro, autor da proposta, e os governadores. Até para que, se for o caso, possamos avançar em alguma alteração no texto. O próprio governo tem dito que não é do seu interesse usurpar qualquer atribuição que pertença a governadores e prefeitos.

O senhor acredita que a obstrução do Partido Liberal pode impedir a análise desses temas?

Se esse tema continuar na pauta da Câmara sem uma definição, isso pode atrapalhar. O PL é o maior partido da Casa, e é um desafio para toda a classe política buscar uma solução definitiva para que possamos virar essa página. Eu entendo que houve um exagero do Supremo na aplicação das penas [aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro], colocando praticamente todos sob a mesma avaliação. Pessoas que podem ter sido organizadoras e mentoras não podem estar no mesmo patamar de quem participou de uma manifestação de forma, muitas vezes, inocente.

A sociedade claramente não concorda com o rigor das penas. Isso está sendo observado pelos parlamentares nas ruas. Por isso há pressão na Câmara para tratar definitivamente do assunto. O presidente [da Casa], Hugo Motta, tem buscado uma saída que não pareça confronto com ninguém. Mas precisamos, de fato, virar essa página — se for o caso, submeter ao plenário um texto que não trate todos os envolvidos de forma igual e que permita à Casa decidir soberanamente sobre o tema.

A coleta de assinaturas para a CPI do INSS e a urgência da anistia mostram que parte do União Brasil faz oposição, mesmo com ministro no governo. O senhor acha que o partido precisa definir logo sua posição?

Acho que sim. O partido já começou a fazer tratativas internas em busca de uma identidade, para que possamos defender efetivamente um projeto. Claro que, como ocorre em praticamente todos os partidos de centro, há deputados mais próximos e outros mais afastados do governo, muito em função da distribuição regional configurada na última eleição. Pessoalmente, defendo que o partido deve rapidamente tomar uma decisão quanto ao seu projeto futuro, ainda mais após o lançamento da pré-candidatura do governador Ronaldo Caiado [à Presidência]. É preciso que haja cada vez mais uma posição única.

A presença de alguns ministros e de quadros filiados ao partido foi reflexo dessa divisão e da polarização das últimas eleições. Desde o início, ficou claro nas tratativas com o governo que essa presença não representava um apoio incondicional nem inseria o partido na base aliada do presidente Lula. Tratava-se da participação de quadros ligados a uma ala mais próxima do governo, sem autoridade para posicionar o partido como integrante da base governista.

Autor

  • Jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). Coordenador de jornalismo na Arko Advice, contribui para o Política Brasileira com bastidores da política nacional. Tem passagem como repórter pelo Correio Braziliense, Rádio CBN e Brasil61.com. Mestrando em Ciência Política.

    Ver todos os posts

Compartilhe

Inscreva-se

Receba as notícias do Política Brasileira no Whatsapp

Leia Mais
Relacionado

Confaz anuncia aumento do ICMS sobre combustíveis e gás de cozinha

Aumento atinge gasolina, diesel e gás de cozinha

Hidrelétrica de Itaipu alcança a marca histórica de 3,1 bilhões MWh produzidos

Itaipu se consolida como a usina que mais produz energia elétrica no mundo

Transportadoras relatam queda na demanda após tarifaço dos EUA

Levantamento aponta redução em fretes de exportação

Líderes do BRICS discutem mecanismos para ampliação de comércio

Presidente defende multilateralismo e critica tarifaço