Os mercados globais enfrentam mais um dia de forte turbulência nesta segunda-feira (7), refletindo o agravamento das tensões comerciais desencadeadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O temor de que a escalada tarifária promovida pela Casa Branca precipite uma recessão global provocou quedas generalizadas nas bolsas da Europa, Ásia e América Latina logo nas primeiras horas do pregão.
A expectativa dos investidores era de que, diante das perdas bilionárias registradas nos últimos dias, Trump recuasse das ameaças feitas contra a China e outros parceiros comerciais durante o fim de semana. No entanto, o presidente americano manteve o tom beligerante, sinalizando que novas rodadas de tarifas podem ser anunciadas nos próximos dias, caso Pequim não ceda às suas exigências em áreas como propriedade intelectual, acesso ao mercado e desequilíbrio na balança comercial.
Na semana passada, os mercados americanos já haviam sofrido um tombo histórico. Estima-se que, apenas nos últimos cinco dias úteis, as ações listadas em Wall Street tenham perdido aproximadamente US$ 5,4 trilhões em valor de mercado. Desde a posse de Trump, em 20 de janeiro, o saldo negativo acumulado já supera os US$ 10 trilhões, corroendo parte significativa da confiança conquistada com a recuperação econômica pós-crise de 2008.
O índice Dow Jones abriu o dia em queda de mais de 2%, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq recuaram mais de 1,5%. Na Europa, o índice DAX de Frankfurt caiu 2,8%, o CAC 40 de Paris recuou 2,4%, e a bolsa de Londres operava em queda de 1,9%. Na Ásia, a bolsa de Xangai perdeu 3,1% e o índice Nikkei, em Tóquio, encerrou o pregão com queda de 2,7%.
Investidores e analistas alertam que o mundo pode estar à beira de uma nova crise econômica, desta vez provocada não por desajustes nos sistemas bancários, mas por decisões políticas que afetam diretamente as cadeias globais de valor. “Estamos diante de um cenário inédito: a maior economia do mundo decidiu, deliberadamente, desestabilizar as regras do comércio internacional. A reação dos mercados é um sinal claro de desconfiança generalizada”, afirmou Marcus Whitman, economista-chefe do Global Markets Institute, em Londres.
O clima de incerteza tem levado à fuga de capitais de mercados emergentes e fortalecido ativos considerados mais seguros, como o ouro e os títulos do Tesouro americano. O dólar segue em alta frente às principais moedas, ampliando a pressão sobre países com dívida externa elevada e tornando o cenário ainda mais desafiador para economias frágeis.
Enquanto isso, setores estratégicos nos Estados Unidos, como a indústria automobilística, agrícola e de tecnologia, já começam a sentir os efeitos do represamento de exportações e do encarecimento de insumos importados. Cresce, inclusive, a pressão sobre o Congresso americano, inclusive dentro do próprio Partido Republicano, para que Trump reveja sua estratégia de confronto tarifário.
A escalada da tensão comercial promete dominar a agenda dos próximos dias em fóruns internacionais e nas reuniões de cúpula do G20. A grande dúvida que paira sobre os mercados é até onde o presidente americano está disposto a ir – e qual será o custo para a economia global.

