O Consórcio Nordeste iniciou articulação com o governo federal para tentar proteger os exportadores locais dos efeitos da tarifa de 50% aplicada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A medida, que afeta diretamente setores estratégicos da região, mobilizou ações conjuntas com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), comandado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin.
Governadores da região terão agendas com o presidente Lula (PT) nos dias 5 e 6 de agosto, em Brasília. No dia 5, participam da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (Conselhão), seguida da Assembleia Geral do Consórcio Nordeste. No dia 6, se reúnem no Palácio do Planalto com Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.
A expectativa é alinhar medidas federais e estaduais de resposta ao tarifaço e garantir apoio aos setores produtivos afetados.
Impacto das tarifas sobre o Nordeste
As tarifas incidem sobre cadeias produtivas como fruticultura, apicultura, indústria têxtil, calçadista, metalmecânica e automotiva, ameaçando pequenos e médios negócios e milhares de empregos. O Consórcio Nordeste realiza um mapeamento técnico por estado e por setor, com estimativas de perdas econômicas e identificação das empresas e produtos mais afetados.
Segundo o presidente do Consórcio e governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT), o objetivo é ampliar mercados, conectar os produtos nordestinos a novas rotas internacionais e reforçar a capilaridade das exportações. “Estamos somando forças com a ApexBrasil e o MDIC para garantir a proteção dos nossos empregos, das nossas empresas e da nossa capacidade produtiva”, afirmou.
Bahia terá unidade da Apex e articula com empresários
Na Bahia, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) anunciou a instalação de uma unidade regional da ApexBrasil em Salvador, com inauguração prevista para 18 de agosto. A estrutura atenderá também outros estados do Nordeste, com foco na abertura de novos mercados e redução de prejuízos, principalmente no setor de frutas, como a manga do norte baiano, voltada ao mercado norte-americano.
O governo baiano intensificou articulações com o setor produtivo e reuniu empresários e representantes da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB). Jerônimo afirmou que é preciso diversificar destinos: “Não podemos colocar todos os ovos numa cesta só”.
Pernambuco cobra crédito emergencial e compensações
A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSD), solicitou ao governo federal medidas emergenciais, como a liberação de linhas de crédito via Banco do Nordeste, com condições especiais de carência, juros e prazos. A proposta inclui ainda incentivos à diversificação de mercados e apoio à exportação para países parceiros.
Raquel participa da reunião do dia 5 com os demais governadores do Consórcio e com o vice-presidente Alckmin. Segundo a governadora, o estado mantém diálogo contínuo com a Federação das Indústrias de Pernambuco (FIEPE) e lideranças empresariais.
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Sergipe monitora impacto e prepara medidas
O governo de Sergipe informou que monitora os efeitos da tarifa sobre suas exportações e analisa medidas que poderão ser adotadas. Segundo o Executivo estadual, os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do estado, que figura entre os três com maior percentual de exportações direcionadas ao país.
As ações locais dependerão do amadurecimento das discussões com o governo federal e dos resultados do mapeamento em curso.