A agência Fitch Ratings manteve nesta quarta-feira (25) a nota de crédito do Brasil em ‘BB’, com perspectiva estável, indicando que não há expectativa de mudança no curto prazo.
A classificação reflete o equilíbrio entre a força da economia brasileira — grande, diversificada, com finanças externas sólidas, reservas robustas e baixa dependência de dívida em moeda estrangeira — e os desafios fiscais persistentes, como o alto e crescente endividamento do governo, rigidez orçamentária, baixos indicadores de governança e crescimento potencial relativamente baixo.
Incerteza fiscal limita avanços
Segundo a Fitch, as incertezas fiscais continuam sendo fonte de risco macroeconômico, agravadas pela resistência do Congresso Nacional a novos impostos, frustração com a arrecadação e aumento dos gastos públicos. A agência projeta que o déficit total do governo suba para 8% do PIB em 2025, pressionado pelos juros altos e pelo fim dos estímulos fiscais, enquanto a dívida pública, que já alcançou 76,5% do PIB em 2024, deve continuar subindo.
O cenário eleitoral de 2026 pode dificultar medidas de contenção de gastos e favorecer políticas populistas, como subsídios e aumento de benefícios sociais.
Apesar do ambiente desafiador, a Fitch não espera mudanças drásticas na política econômica, mas alerta que o ambiente político pode influenciar a confiança do mercado e o avanço das reformas estruturais necessárias. O Brasil segue classificado em grau especulativo, dois níveis abaixo do grau de investimento nas principais agências internacionais, o que significa que o país ainda não tem o “selo de bom pagador”, e enfrenta custos mais altos para captar recursos no exterior.
Grau de investimento
O grau de investimento é um selo de qualidade que indica baixo risco de calote e facilita a atração de capital estrangeiro, reduzindo custos de financiamento para o país. O Brasil conquistou esse status em 2008, mas perdeu o selo em 2015 devido ao aumento da dívida e à deterioração das contas públicas. Desde então, permanece em grau especulativo, com a Fitch e a S&P classificando o país em ‘BB’ e a Moody’s em ‘Ba1’, esta última um nível abaixo do selo de bom pagador.
Para recuperar o grau de investimento, o Brasil precisa mostrar avanços concretos no controle da dívida pública, credibilidade fiscal, crescimento sustentável e estabilidade política. O governo Lula aposta na aprovação de reformas estruturais, como o novo arcabouço fiscal e a reforma tributária, para melhorar a percepção das agências de risco, mas analistas apontam que a trajetória da dívida e o ambiente político ainda são obstáculos relevantes.