O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado ao Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), apurou no boletim mensal Inflação por Faixa de Renda que, em agosto, as famílias mais pobres sentiram com mais intensidade a queda na inflação.
Enquanto isso, o índice oficial registrou deflação de 0,11%, mas o custo de vida para famílias com renda de até R$ 3,3 mil caiu ainda mais, superando 0,20%. Por outro lado, nas famílias com renda mensal acima de R$ 22 mil, a inflação foi positiva, alcançando 0,10%.
O levantamento do Ipea classifica as famílias em seis faixas de renda mensal:
- Muito baixa: menos de R$ 2.202,02
- Baixa: entre R$ 2.202,02 e R$ 3.303,03
- Média-baixa: entre R$ 3.303,03 e R$ 5.505,06
- Média: entre R$ 5.505,06 e R$ 11.010,11
- Média-alta: entre R$ 11.010,11 e R$ 22.020,22
- Alta: acima de R$ 22.020,22
Alimentação e habitação
De acordo com a autora da pesquisa, Maria Andreia Parente Lameiras, as famílias mais pobres sentiram um alívio maior no orçamento em agosto devido ao seu perfil de consumo, que dá mais peso a itens como alimentação e habitação.
A queda no preço dos alimentos e a redução nas tarifas de energia elétrica, impulsionada pelo Bônus de Itaipu, contribuíram para esse resultado.
“O peso desses itens no orçamento explica essa queda mais forte da inflação nos segmentos de renda mais baixa”, afirmou.
O estudo destaca que, em agosto, os alimentos consumidos no domicílio registraram quedas expressivas, especialmente nos preços de:
- cereais (-2,5%);
- tubérculos (-8,1%);
- café (-2,2%);
- carnes (-0,43%);
- aves e ovos (-0,8%);
- leite (-1%).
Por outro lado, para as faixas de renda mais altas, a pesquisadora observa que a deflação nos alimentos e na energia foi parcialmente anulada pela alta nos preços de serviços, principalmente alimentação fora do domicílio e recreação.
Mudanças no cenário
No acumulado dos últimos 12 meses, as famílias mais pobres sentiram a inflação no bolso de forma mais intensa, invertendo o cenário observado em agosto. As taxas de inflação por faixa de renda ficaram assim:
- Renda muito baixa: 5,23%
- Renda baixa: 5,33%
- Renda média-baixa: 5,19%
- Renda média: 5,08%
- Renda média-alta: 5,07%
- Renda alta: 5,00%
Além disso, o IPCA acumulado atingiu 5,13%, ultrapassando o teto da meta do governo, que é 3% ao ano, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual, ou seja, até 4,5%.
O Ipea destaca que, nesse período, “as principais pressões inflacionárias vieram dos grupos alimentos e bebidas, habitação, transportes e saúde e cuidados pessoais”, afirmou o instituto.