Nesta terça-feira (15), a Comissão de Relações Exteriores (CRE) realizou sua 14° reunião extraordinária para debater sobre a estratégia que o país adotará após o anúncio da tarifa de 50% dos Estados Unidos sobre os produtos importados do Brasil. A iniciativa partiu do presidente da CRE, senador Nelsinho Trad (PSD-MS), por meio do requerimento REQ 17/2025 – CRE.
Participaram do debate o embaixador Philip Fox, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores (MRE); Jefferson Gomes, diretor de Desenvolvimento Industrial, Tecnologia e Inovação da CNI; Michel Platini Juliani, presidente da Associação Brasileira dos Importadores (ABIMP); e, de forma remota, o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), Luis Rua.
Posição do governo brasileiro
Segundo o embaixador Philip Fox, em encontros realizados pelo vice-presidente Geraldo Alckmin com representantes dos Estados Unidos, o Brasil apresentou uma lógica econômica fundada em dados e evidências. Ele ressaltou que os Estados Unidos mantêm um superávit comercial estrutural com o Brasil – ou seja, vendem mais ao país do que compram – e defendeu que, embora haja críticas ao perfil tarifário brasileiro, a tarifa efetiva aplicada por Brasília aos produtos dos EUA seria de apenas 2,7%
Jefferson Gomes, diretor de Desenvolvimento Industrial e Inovação da CNI, afirmou que já foi possível determinar o impacto das tarifas para cada grupo exportador, com base na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE). Segundo ele, empresas de médio porte, como as dos setores de metalurgia e madeira, que possuem forte atuação junto aos Estados Unidos nas cadeias de valor, são motivos de preocupação, especialmente se não desenvolverem capacidade de negociação.
Próximos passos
O Senado pretende articular respostas diplomáticas e buscar diálogo direto com o Congresso norte-americano nas próximas semanas, além de reforçar a orientação para que o governo federal utilize mecanismos de defesa comercial e explore caminhos para mitigar as consequências da decisão dos EUA sobre o setor produtivo brasileiro.