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Empresas são contra retaliação à tarifaço dos EUA

Pesquisa indica apoio à negociação e mostra que há preocupação com efeitos econômicos das tarifas americanas

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A maior parte das empresas brasileiras e multinacionais é contrária a uma retaliação imediata às tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Levantamento da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) com 162 companhias indica que 88% defendem a via diplomática como melhor alternativa, sem adoção de medidas de reciprocidade. Segundo o estudo, 86% avaliam que uma retaliação agravaria as tensões com os EUA e reduziria o espaço para diálogo. Apenas 10% apoiam ações imediatas.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), confirmou nesta sexta-feira (1º) que o governo federal descarta qualquer medida de retaliação e afirmou que o pacote de apoio aos setores mais afetados será compatível com a meta fiscal de déficit zero. “Nós entendemos que conseguimos operar dentro do marco fiscal sem nenhum tipo de alteração”, disse.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) também descartou a retaliação e manifestou “grande preocupação” com o impacto das tarifas nas cadeias produtivas, na produção, no emprego, em investimentos e contratos de longo prazo. A entidade reforçou a necessidade de manter a unidade nacional e ampliar os canais de diálogo com os Estados Unidos.

Impacto direto nas exportações e setores mais afetados

Entre as empresas exportadoras, 59% preveem queda acentuada ou interrupção total das vendas aos EUA caso a sobretaxa entre em vigor. A Amcham estima que 694 produtos brasileiros foram incluídos em uma lista de exceções anunciada em 30 de julho, o que representa US$ 18,4 bilhões em exportações — 43,4% do total exportado aos EUA em 2024.

A indústria é o setor mais afetado (53%), seguida por serviços (17%), agroindústria (12%) e energia e infraestrutura (9%).

Maiores preocupações

As companhias consultadas também expressaram preocupações com os efeitos mais amplos das tarifas e de uma eventual retaliação. A maioria teme o agravamento das tensões bilaterais e a redução do espaço para negociação. Outras preocupações incluem o impacto sobre setores que dependem de insumos e tecnologias americanas, o prejuízo à imagem do Brasil como destino de investimentos e o aumento da insegurança jurídica no ambiente de negócios.

Segundo a Amcham, mais da metade das empresas estão em monitoramento da situação, sem ações definidas até o momento. Outras 54% atuam por meio de associações empresariais. Há também iniciativas pontuais: 25% das companhias engajam clientes e parceiros nos Estados Unidos para interlocução com autoridades americanas, enquanto 16% mantêm diálogo direto com autoridades brasileiras.

Para o presidente da Amcham Brasil, Abrão Neto, os dados da pesquisa deixam claros os potenciais impactos das tarifas elevadas sobre os negócios, desde a interrupção de exportações até a revisão de investimentos e o redirecionamento de projetos globais. Ele defendeu o aprofundamento dos esforços para preservar os ganhos econômicos e sociais da relação entre Brasil e Estados Unidos.

Autor

  • Jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). Coordenador de jornalismo na Arko Advice, contribui para o Política Brasileira com bastidores da política nacional. Tem passagem como repórter pelo Correio Braziliense, Rádio CBN e Brasil61.com. Mestrando em Ciência Política.

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