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Em abril, inflação de alimentos e bebidas registra maior alta desde 2022

Indicador foi registrado em 0,82% no mês, puxado pela alta de legumes e café

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O grupo de alimentos e bebidas teve a maior inflação para um mês de abril desde 2022, sendo registrada em 0,82% em 2025. Há três anos, neste mesmo período, o indicador foi registrado em 2,06%. O índice geral de inflação em abril foi de 0,43%, e alimentação foi o grupo com maior participação neste percentual, responsável por 0,18 p.p.

Esses itens desaceleraram em relação a março, quando registrados em 1,17%. Apesar disso, o indicador acumulado nos primeiros quatro meses deste ano chegou a 3,65%, maior patamar desde o mesmo período também de 2022.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), neste mês de abril, frutas, legumes e outros alimentos foram os principais responsáveis pela alta registrada. Contribuíram para esse resultado as altas da batata-inglesa (18,29%), do tomate (14,32%) e do café moído (4,48%). No lado das quedas destacam-se a cenoura (10,40%), o arroz (4,19%) e as frutas (0,59%).

Inflação pressiona governo

A persistência da pressão inflacionária, especialmente sobre alimentos, segue sendo um dos motivos de desaprovação do governo Lula (PT). Segundo o mais recente boletim Focus, pesquisa realizada com agentes do mercado para captura de projeções de indicadores, a inflação deve encerrar 2025 em 5,51%, acima do centro da meta contínua de 3%. 

Além disso, um outro efeito relevante de reduzir a inflação é a redução da Selic, taxa básica de juros da economia brasileira. Atualmente, o Copom (Comitê de Política Monetária) estima que a inflação vai terminar este ano em 4,8%. Na reunião do Copom  ocorrida neste mês, os diretores do Banco Central decidiram elevar a Selic em 0,5 p.p, chegando a 14,75% ao ano. A convergência do indicador à meta estabelecida pode iniciar um período de cortes na Selic, e destravar o crescimento econômico que se retrai com juros altos.

Em busca de reduzir os preços ao consumidor, o governo chegou a montar um grupo de trabalho para monitorar e sugerir medidas que reduzam o preço dos alimentos. Além disso, no mês de março, o governo zerou o imposto de importação de determinados alimentos. Entretanto, as medidas ainda não surtiram efeito. A aposta do governo é que com a previsão de uma safra positiva neste ano, os preços caiam. Todavia, quanto mais prolongado o período de preços acima da média, pior a avaliação da população sobre o governo.

O governo pode tentar trabalhar em outra frente, por exemplo, com medidas que garantam estabilidade fiscal. Além disso, sinalizações de um ajuste fiscal pelo lado das despesas podem contribuir com a avaliação da política fiscal, e, assim, ancorar as expectativas de investidores. Por fim, o movimento pode ajudar a valorização do real frente ao dólar, e, consequentemente, ajudar com os preços ao consumidor.

Autor

  • Jornalista carioca erradicada em Brasília, com experiência em cobertura econômica e política. Formação pela PUC-Rio, com passagem pela CNN Brasil na áreas de produção de videorreportagem.

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