Apesar do tarifaço imposto aos produtos brasileiros, a corrente comercial entre Brasil e Estados Unidos atingiu US$ 20 bilhões no primeiro trimestre de 2025. O crescimento de 6,6% em relação ao mesmo trimestre de 2024 foi divulgado pela Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) no Monitor do Comércio Brasil-EUA. É o maior valor já registrado para o período desde o início da série histórica. O número é alavancado pelas exportações industriais brasileiras e a alta nas importações de tecnologia e energia. Para a Amcham, os dados reforçam a solidez da parceria entre os dois países.
Porém, especialistas avaliam que o pico pode ter outro motivo. Como houve um tempo entre o anúncio do tarifaço imposto pelos EUA e a efetiva aplicação das taxas, os números podem indicar que os exportadores brasileiros correram para acelerar as exportações. Assim, conseguiram vender suas produções sem as tarifas.
A tarifa linear de 10% aos produtos brasileiros foi anunciada oficialmente em abril por Trump. Anteriormente, em fevereiro, Trump já havia imposto alíquota de 25% sobre a importação de aço e o alumínio pelos EUA. Como as taxas comerciais já faziam parte do discurso de Trump durante a campanha, o mercado pode ter se antecipado aos anúncios.
Exportações brasileiras em alta
As vendas da indústria nacional para os EUA alcançaram US$ 7,8 bilhões, recorde para um primeiro trimestre, consolidando o país como principal destino das exportações industriais brasileiras (18,1% do total exportado). Seis dos dez produtos mais exportados tiveram crescimento expressivo: sucos (+74,4%), óleos combustíveis (+42,1%), café não torrado (+34%), aeronaves (+14,9%) e semiacabados de ferro/aço (+14,5%). A carne bovina entrou no top 10, com alta de 111,8%.
Tarifaço e cenário futuro
Apesar do desempenho positivo, o relatório alerta para riscos com as novas tarifas impostas pelos EUA: 10% sobre exportações brasileiras em geral e 25% para aço, alumínio e autopeças. A Amcham defende a manutenção de um ambiente comercial estável.
“É fundamental preservar as condições para que o comércio continue gerando inovação, empregos e desenvolvimento para ambos os países”, afirma Abrão Neto, presidente da entidade.
O relatório ressalta que o diálogo entre setores público e privado será crucial para enfrentar desafios e sustentar o crescimento bilateral, que já é referência global em cooperação econômica.