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Brasil rebate acusações dos EUA e defende Pix como sistema neutro

Governo contesta investigação norte-americana sobre práticas comerciais

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O governo brasileiro negou que o Pix, sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central (BC), represente discriminação contra companhias estrangeiras. Em manifestação enviada nesta segunda-feira (18) ao Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR), o Itamaraty afirmou que a ferramenta garante neutralidade e segurança ao sistema financeiro.

O documento, assinado pelo chanceler Mauro Vieira, reforçou que outros países, como a União Europeia, a Índia e os próprios Estados Unidos, também criaram plataformas semelhantes, como o FedNow, administrado pelo Federal Reserve.

“De fato, diferentes governos estão tomando a iniciativa de fornecer a infraestrutura para pagamentos eletrônicos instantâneos, incluindo a União Europeia, a Índia e os Estados Unidos. O Federal Reserve dos Estados Unidos, em particular, introduziu recentemente o FedNow, um sistema que oferece funcionalidades semelhantes ao Pix”, destacou o documento.

Contestação à investigação

A resposta brasileira questiona a legitimidade da investigação aberta a pedido do governo Donald Trump com base na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974. Segundo o Brasil, não existe fundamento jurídico ou factual que sustente as acusações, e medidas unilaterais dessa natureza contrariam as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). O texto também ressalta que o comércio entre os dois países é historicamente benéfico para os EUA, que mantêm superávit na balança com o Brasil.

“A participação brasileira no processo se dá em espírito de diálogo e de esclarecimento de fatos e não constitui reconhecimento da validade ou jurisdição do procedimento”, pontuou o Ministério das Relações Exteriores (MRE), em nota após o envio da defesa.

Pontos da investigação

Entre os pontos levantados na investigação, Washington acusa o Brasil de falhas no combate à pirataria e de medidas que afetariam redes sociais americanas. O governo brasileiro respondeu que adota legislação robusta de proteção à propriedade intelectual e que decisões judiciais no país se aplicam igualmente a todas as empresas, sem caráter discriminatório.

Em relação ao meio ambiente e ao etanol, o Brasil destacou que cumpre compromissos multilaterais, mantém tarifas reduzidas e que suas políticas ambientais não são barreiras comerciais.

O documento também lembrou que produtos aeronáuticos americanos entram no Brasil com tarifa zero e que empresas brasileiras do setor geram empregos nos Estados Unidos. A resposta agora seguirá para análise do USTR, que realizará audiência pública em 3 de setembro. O desfecho dependerá de decisão final da Casa Branca, sem prazo definido.

Autor

  • Jornalista formado pela Universidade Católica de Brasília (UCB). Com experiência em Política, Economia, Meio Ambiente, Tecnologia e Cultura, tem passagens pelas áreas de reportagem, redação, produção e direção audiovisual.

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