O governo federal defendeu que o Brasil não representa um problema comercial para os Estados Unidos e reiterou a disposição em buscar uma solução negociada para o impasse aberto pela investigação norte-americana no âmbito da Seção 301 da Lei de Comércio.
A secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Tatiana Prazeres, apresentou dados sobre a relação bilateral e ressaltou que, embora o Brasil tenha déficit com os EUA, a parceria beneficia os dois países.
De janeiro a agosto deste ano, as exportações brasileiras para os EUA somaram US$ 26,6 bilhões, um aumento de 1,66% em relação a 2024. Já as importações alcançaram US$ 30 bilhões, alta de 11,44%. Prazeres destacou ainda que cerca de 10 mil empresas brasileiras vendem para o mercado americano, o que reforça a preocupação com possíveis barreiras adicionais.
Ela também mencionou o empenho do vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, nas negociações com o lado norte-americano.
Pressão por diálogo político
O Senado tem defendido a necessidade de diálogo em alto nível. O presidente da Comissão Temporária Externa para Interlocução sobre Relações Bilaterais com os Estados Unidos (CTEUA), senador Nelsinho Trad (PSD-MS), avaliou que apenas a conversa direta entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump pode destravar o impasse.
Impactos no agro e na indústria
Representantes do setor produtivo destacaram prejuízos já em curso. Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), exportações de açúcar caíram quase 60%, óleos vegetais 25% e amendoim 22%. Produtos como carne bovina industrializada, mel e pescados estão entre os mais expostos às tarifas.
Na indústria, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) calcula que 74% das exportações brasileiras para os EUA estão sujeitas a sobretaxas, o que pode resultar em perdas de R$ 26 bilhões e 57 mil empregos.