O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, na última quarta-feira (17), manter a Selic em 15% ao ano pela segunda vez consecutiva, maior patamar desde 2006.
A ata do Copom, divulgada nesta terça-feira (23), destaca que a taxa básica de juros deve permanecer nesse nível por um “período bastante prolongado” para garantir a convergência da inflação à meta de 3,0%. O BC reconhece evolução favorável da inflação recente, mas avalia que o controle total da inflação só virá com manutenção dos juros neste patamar restritivo, dado que expectativas seguem acima da meta (4,83% para 2025, 4,30% para 2026).
Copom diz ter cautela
O Copom destaca que, apesar de sinais favoráveis como a moderação gradual da atividade e algum recuo recente na inflação, as expectativas dos agentes econômicos ainda estão acima do objetivo.
“Agora, na medida em o cenário tem se delineado conforme esperado, o Comitê inicia um novo estágio em que opta por manter a taxa inalterada e seguir avaliando se, mantido o nível corrente por período bastante prolongado, tal estratégia será suficiente para a convergência da inflação à meta”, acrescentou.
A decisão do comitê busca cautela diante da conjuntura global incerta e dos riscos estruturais — como tarifas impostas pelos Estados Unidos e cenário fiscal — que pressionam o ambiente inflacionário, justificando a necessidade de política monetária restritiva por mais tempo.
Atenção à demanda e dinâmica de preços
Segundo o BC, há arrefecimento nítido no crédito, principalmente para operações de maior duração, e redução gradual do consumo em itens financiáveis — porém a inflação de serviços permanece resiliente e os núcleos de inflação seguem acima da meta.
O objetivo é esfriar a demanda e reancorar expectativas inflacionárias, o que exige “perseverança e serenidade” do comitê.

