Donald Trump iniciou seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos reacendendo tensões políticas e econômicas com diversos parceiros globais. No Brasil, o impacto mais forte até agora veio em 9 de julho, quando Trump anunciou a taxação de 50% sobre exportações brasileiras aos EUA, medida prevista para vigorar a partir dessa próxima sexta-feira, 1º de agosto.
O anúncio gerou efeito imediato: exportadores brasileiros viram contratos cancelados por empresas norte-americanas, e setores como resinas e químicos já foram fortemente afetados, com interrupções nas encomendas e financiamento cortado. Nesse cenário, a busca pelos serviços da Arko International vêm aumentando a cada dia. O trabalho da consultoria foi destacado em reportagem do Estadão desta terça-feira (29).
“Ao contrário do Brasil, nos EUA é difícil falar com os congressistas”, diz Thiago de Aragão, diretor de estratégia da Arko. “O acesso se dá por meio das equipes de cada um deles, e é importante passar uma mensagem clara e pelo caminho correto do motivo daquela empresa ou daquele setor merecer ser ouvido, porque o mundo inteiro está disputando a atenção deles.”
Arko Advice ganha protagonismo
Diariamente, Aragão recebe dezenas de contatos de empresas e entidades setoriais brasileiras buscando orientação, acesso e caminhos nos Estados Unidos para tentar negociar exceções, isenções ou alternativas à nova tarifa. O aumento na demanda reflete o ambiente de competição intensa, já que, no modelo norte-americano, o acesso aos congressistas é restrito e disputado, onde um contato institucional se torna um diferencial crucial.
A Arko vem se destacando não só pela ampla rede de contatos nos EUA, mas pela experiência em negociações internacionais: atuou diretamente em estratégias que ajudaram o México a articular, em bloco, uma resposta coordenada diante das investidas comerciais de Trump.
“Lá, a presidente mexicana lidava diretamente com Trump, o ministro da Economia conversava com a área técnica do governo norte-americano, um grupo de empresários grandes lidava com senadores e parlamentares, e um grupo de associações, via pessoas como eu, tinha interlocução com outros formadores e tomadores de decisão”, afirma Aragão.
O caso mexicano é citado como modelo, estruturando uma mobilização convergente entre governo, setor privado e especialistas em relações institucionais. “É uma estratégia de árvore, de pirâmide, que funciona muito bem, coordenada e num comitê de crise permanente”, pontua.
No Brasil, entretanto, a resposta ainda é fragmentada, com múltiplas empresas e setores buscando acordos paralelos, o que pode enfraquecer a posição do país como um todo. Thiago de Aragão diz que o exemplo da situação mexicana “quebrou o aspecto político e ideológico, porque havia empresários contra o governo, mas que, na emergência, pausaram essa tendência e agiram em conjunto.”
Busca por influenciadores e canais diretos
A demanda por consultorias e escritórios especializados nos EUA, sobretudo com vínculo ao entorno trumpista, explodiu. A própria Arko expandiu sua atuação em Washington e junto a parceiros locais, sendo contratada para criar departamentos de geopolítica dentro das empresas clientes e assessorando estratégias adaptadas ao cenário volátil imposto por Trump. O objetivo é garantir que, durante as renegociações e eventuais aberturas para isenções, a empresa brasileira já esteja reconhecida, conte com apoiadores regionais (em cidades, condados e estados norte-americanos) e argumente sobre a importância local de suas operações — exatamente como ocorreu no México.
Thiago de Aragão enxerga que, de um lado, o governo vai buscar negociar em bloco, e do outro empresas brasileiras buscarão isenções específicas para seus setores:
“O governo brasileiro busca uma solução para o País como um todo, que é baixar a tarifa de 50% para 25% ou 20%”, diz. “Mas há inúmeros setores com justificativas para estarem fora dessa taxação extraordinária, e o governo não vai negociar a favor de alguns em detrimento de outros.”