A um ano do prazo para a criação de novos partidos políticos e o registro de federações partidárias que possam participar das eleições de 2026, as articulações vão se intensificar. De olho em protagonismo ou mesmo em sobrevivência no pós-eleição, várias legendas estudam possibilidades que envolvem desde fusões e incorporações até federações.
Com critérios de desempenho mais severos, a cláusula de barreira a ser aplicada no próximo ano ameaça a existência dos partidos menores. Para participar do rateio do Fundo Partidário e ter acesso a tempo de mídia gratuita, as legendas terão de obter 2,5% do total nacional de votos do pleito para a Câmara federal (quase 3 milhões em números de 2022) ou eleger 13 deputados, ambos os critérios distribuídos por nove estados. Dessa forma, não há outra saída para os nanicos, além da fusão ou da federação. Avante, PRD, Solidariedade e Novo são exemplos de agremiações seriamente ameaçadas por essa realidade.
Entre os médios e grandes, há cenários distintos. O PT cogita desfazer a federação com o PCdoB e o PV para disputar solo a Presidência. A avaliação de uma ala interna é de que essa união foi prejudicial aos petistas na última eleição municipal. Embora alguns analistas corroborem a visão de que as federações, sob o ponto de vista eleitoral, não são benéficas para as grandes siglas, o Progressistas e o União Brasil apostam em sentido contrário. Os dois caminham para selar uma aliança que poderia até ser mais robusta, caso o Republicanos não tivesse rejeitado participação.
Uma possível confirmação dessa união deve desencadear, porém, reações no campo do centro. Para se contrapor a essa nova força, o Republicanos pode voltar ao jogo. Em breve, o presidente da sigla, Marcos Pereira (SP), deve se reunir com o presidente do MDB, Baleia Rossi (SP), para avaliar a formação de outro agrupamento partidário nesse espectro político.
O PSDB, que também vai dissolver a atual federação com o Cidadania, negocia uma fusão. O partido, que governou o país por oito anos e esteve à frente de diversos governos estaduais, não deseja ser absorvido por outros maiores. Por isso paralisou conversas com o PSD e vem dialogando com agremiações do mesmo porte. Os tucanos encaminham uma unificação com o Podemos e o Solidariedade.
Após atritos localizados, especialmente no Ceará, PDT e PSB colocaram em modo stand by as tratativas para a formação de uma federação. Contudo, é provável que as conversas sejam retomadas, agregando até mesmo eventuais interessados. Outros ainda não sinalizaram como vão se reposicionar. É o caso do Cidadania, que deixará a parceria com o PSDB, mas ainda não indicou o que pretende fazer. O PSOL e a Rede também podem se separar, mas, neste momento, nenhum dos dois parece saber para onde ir.