O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e um de seus aliados, Silas Malafaia, uma das maiores lideranças evangélicas do país, foram alvo de uma nova operação da Polícia Federal (PF). Em relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) na quarta-feira (20), a PF afirmou ter identificado que Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), seu filho, contam com o “auxílio de material de terceiros” para uma finalidade criminosa, na qual Malafaia estaria envolvido. Eduardo e Bolsonaro foram indiciados pela PF pelos crimes de coação no curso do processo de tentativa de golpe de Estado em 2022.
A partir de buscas e apreensões, a PF revelou diálogos entre Eduardo, Bolsonaro e Malafaia que mostram discordâncias em relação à atuação de Eduardo junto ao governo americano e o incômodo de Eduardo com a notícia de que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), seria o candidato da direita à Presidência nas eleições de 2026.
Toda essa crise tem gerado um impacto significativo na direita, especialmente em relação à figura de Bolsonaro e em seu círculo mais próximo. Embora a situação prejudique a direita como um todo, o atual estado de divisão revela um emparedamento de Tarcísio, que se vê entre a lealdade a Bolsonaro e a necessidade de se afirmar politicamente. Em recente declaração, Tarcísio admitiu sua dívida política para com Bolsonaro, evidenciando essa tensão. No entanto, à medida que a beligerância dos bolsonaristas se intensifica, essa lealdade pode se tornar um fardo.
A polarização interna na direita, acentuada por atitudes radicais de alguns de seus integrantes, não apenas prejudica a imagem de Tarcísio como também causa confusão nas dinâmicas políticas. Nesse cenário, o presidente Lula (PT) acaba sendo beneficiado. A mais recente pesquisa Genial/Quaest (20) aponta que Lula aumentou sua vantagem em relação a seus principais potenciais adversários na direita (Tarcísio de Freitas; o senador Flávio Bolsonaro; a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro; o governador de Minas Gerais, Romeu Zema).
Ainda que a situação seja desconfortável para Tarcísio, não se pode afirmar que sua candidatura esteja descartada. Pesquisa da Arko (11 a 15 de agosto) com 108 deputados federais apontou que 48,69% avaliam que ele seria o melhor candidato da oposição ao Planalto. O segundo colocado seria Ratinho Jr. (PSD), governador do Paraná, com 10,43%.
O desgaste político e a pressão sobre Bolsonaro tendem a piorar com o julgamento sobre a tentativa de golpe de Estado, marcado pela 1ª Turma do STF para começar no próximo dia 2. A conclusão está prevista para o dia 12.