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Análise: Tarcísio ganha força para 2026

Manifestação de Bolsonaro pode abrir caminho para candidatura de seu afilhado

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O acirramento do embate entre os Poderes da República, combinado com o desgaste acumulado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – a ponto de ser cada vez menor a adesão de simpatizantes nas mais recentes manifestações públicas convocadas por ele –, traz repercussões para a oposição quando analisamos a sucessão presidencial no pleito de 2026.

No ato político realizado por Bolsonaro no domingo da semana passada (29), na Avenida Paulista (SP), chamou atenção a seguinte declaração do ex-presidente:
“Me deem 50% da Câmara e 50% do Senado que eu mudo o destino do Brasil. Nem preciso ser presidente.”

Tal manifestação foi interpretada como o primeiro movimento público do ex-presidente a admitir a possibilidade de desistir de lutar por sua candidatura ao Palácio do Planalto em 2026, abrindo caminho para o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Além da relação política com Jair Bolsonaro, Tarcísio acumula outras credenciais importantes quando olhamos para 2026. Realiza um governo muito bem avaliado em São Paulo e é um político de direita mais pragmático do que Bolsonaro. Além disso, possui forte aliança com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab.

Tarcísio defende o liberalismo na economia e o conservadorismo nos costumes, agradando a diferentes segmentos da heterogênea direita brasileira. Possui forte apoio entre a chamada elite financeira e entre parcela significativa dos deputados federais, unindo o establishment econômico e o político.

Em pesquisa realizada pelo instituto Quaest com deputados federais (7/05 a 30/06), Tarcísio foi mencionado por 49% dos parlamentares como o candidato ideal da oposição para 2026. A Quaest havia apontado, em outra pesquisa, realizada em março, que 93% do mercado financeiro enxerga Tarcísio como o melhor candidato para derrotar a esquerda no próximo ano.

Também pesa a favor de Tarcísio a capacidade de unir partidos estratégicos em torno de seu nome – caso de PSD, MDB, PP e União Brasil –, assim como a convergência de sua agenda econômica com a do futuro Congresso, que deverá continuar preponderantemente de centro-direita, mais inclinado a uma agenda liberal.

O desgaste vivido por Jair Bolsonaro e a insatisfação dos agentes econômicos e do mundo político com o presidente Lula (PT) abrem espaço para a construção de um projeto nacional pragmático a ser liderado por Tarcísio, unindo a centro-direita. Não por acaso, enxergando essa movimentação nos bastidores, o governo está operando uma guinada à esquerda, já que Lula dificilmente conseguirá reproduzir a narrativa de frente ampla adotada em 2022.

Autor

  • Analista Político da Arko Advice. Doutorando em Ciência Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Bacharel em Ciência Política (ULBRA-RS). Especialista em Ciência Política (UFRGS). Tem MBA em Marketing Político (Universidade Cândido Mendes).

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