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Análise: Tarcísio cometeu um erro estratégico?

A inflexão do governador paulista tem sido criticada

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Nas últimas semanas, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), vestiu o figurino de pré-candidato ao Palácio do Planalto, a partir de uma série de inflexões em direção a pautas bolsonaristas.

Além de afirmar que seu primeiro ato como presidente seria dar indulto ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Tarcísio passou a atuar em Brasília nas articulações em torno do projeto da anistia. Na semana passada, após a condenação de Bolsonaro, Tarcísio, usando as redes sociais, classificou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de injusta e declarou que a pena imposta foi “desproporcional”.

A inflexão do governador paulista tem sido criticada. Até então visto como um representante da direita moderada, setores do centro entendem que a mudança de tom em direção à agenda bolsonarista foi exagerada, sendo vista até mesmo como erro estratégico.

No entanto, apesar de os partidos do chamado centrão terem o desejo de construir um candidato de direita mais moderado, que atraia o voto bolsonarista sem abraçar teses radicais, isso não parece possível sem acenos à base social de Jair Bolsonaro. Assim, dificilmente haverá um projeto presidencial de Tarcísio de Freitas sem o apoio de Bolsonaro.

E a conquista do apoio de Bolsonaro inclui a adesão à agenda da anistia e críticas ao STF. Mesmo que no curto prazo isso traga desgaste para Tarcísio, quanto mais cedo o governador enfrentar esse desgaste, mais tempo ele terá, se necessário, para um eventual reposicionamento. Outro aspecto a ser considerado é que como o lulismo e o bolsonarismo organizam o jogo político nacional, Tarcísio, na condição de adversário do presidente Lula (PT), já está, naturalmente, vinculado ao bolsonarismo.

A incógnita é saber o potencial da munição que está sendo utilizada pelo Palácio do Planalto contra Tarcísio de Freitas. Na última quinta-feira (11), o presidente Lula (PT) chamou Tarcísio de “serviçal” de Bolsonaro. E, nas redes sociais, o PT divulgou um vídeo em que afirma que Tarcísio defende “interesses privados”, relacionando o governador paulista a bilionários.

Embora o aceno ao bolsonarismo fosse inevitável, resta saber se Tarcísio acertou o timing desse movimento. Essa resposta só teremos após as próximas pesquisas de opinião. Por ora, dos governadores que despontam como presidenciáveis, Tarcísio foi quem mais saiu em defesa de Bolsonaro após a condenação do ex-presidente no STF. Se essa aposta funcionar, ficará mais perto de ser escolhido como o candidato da direita para 2026. Caso Tarcísio se desgaste, poderá ser aberto espaço para que outras opções da direita busquem ocupar a lacuna.

Autor

  • Analista Político da Arko Advice. Doutorando em Ciência Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Bacharel em Ciência Política (ULBRA-RS). Especialista em Ciência Política (UFRGS). Tem MBA em Marketing Político (Universidade Cândido Mendes).

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