A federação União Progressista – UPB (União Brasil e Progressistas) foi lançada oficialmente na semana passada com discursos marcados por oposição ao governo Lula. Chamada de “superfederação”, a UPB será decisiva na próxima eleição, pois é hoje a maior força política do país. Embora não deva estar no palanque lulista em 2026, também não tem destino definido.
Conforme ocorreu com outras federações partidárias criadas em 2022, a UPB deve enfrentar desgastes internos. A convivência obrigatória entre legendas, mesmo com afinidade ideológica ou programática, inevitavelmente gera atritos. O único interesse comum gira em torno da conquista de espaço político, o que, naturalmente, provoca disputas entre os parceiros. No caso da UPB, esse processo tende a ser ainda mais complexo, uma vez que reúne duas siglas robustas, com grande diversidade interna e interesses locais frequentemente conflitantes.
No plano nacional, a federação nasce com visões distintas de três lideranças de peso. O presidente do Progressistas, senador Ciro Nogueira, articula apoio à candidatura presidencial do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), com a intenção de ser vice em sua chapa. Tarcísio é hoje o nome com maior receptividade dentro do bloco. Já no União Brasil, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, lançou sua pré-candidatura, mas suas chances de ser abraçado pela federação são reduzidas. Paralelamente, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), comanda uma ala minoritária que prefere manter laços com o presidente Lula (PT), embora em público o discurso seja de independência.
Diante dessa divisão, dificilmente a UPB chegará a um consenso antecipado sobre a eleição presidencial. O cenário deve se tornar ainda mais incerto se as pesquisas continuarem a apontar uma recuperação de Lula entre o eleitorado. Mesmo que haja apoio oficial a Tarcísio ou Caiado, não deverá ocorrer adesão integral. Também não se pode descartar a hipótese de a UPB liberar cada seção estadual para decidir suas alianças locais e sua posição em nível nacional.
Além disso, União Brasil e Progressistas enfrentarão dificuldades para obrigar filiados que ocupam espaços no governo a romper imediatamente com Lula. Qualquer tentativa de punição seria complexa e traumática. É inimaginável, por exemplo, aplicar sanções a Alcolumbre por manter controle sobre cargos na máquina federal. Assim, a tendência é que nada de concreto se defina antes do prazo final para a desincompatibilização de ministros, em 4 de abril de 2026.
Um mês antes, será aberta a janela partidária, período em que deputados federais e estaduais podem trocar de legenda livremente em busca de melhores condições eleitorais. Esse será o momento em que se poderá medir – pelo número de desfiliações nos dois partidos – o grau de insatisfação nos seus respectivos estados com a aliança.