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Análise: PT intensifica disputa política e Tarcísio de Freitas será alvo

PT aposta na narrativa “taxação BBB” após derrota da MP que aumentava IOF

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Após a Câmara retirar da pauta a Medida Provisória (MP) nº 1.303/25, com propostas alternativas de arrecadação ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), impondo uma derrota ao governo Lula, o PT ensaia uma reação política. A estratégia deve ser similar à adotada em junho, quando o Congresso derrubou o decreto que aumentava o valor do IOF.

Naquela oportunidade, o PT foi eficiente do ponto de vista estratégico ao agendar o mote “ricos x pobres”, rotulando o Congresso como *defensor dos mais ricos. Com esse lema, ganhou força nas redes sociais a pauta da justiça tributária, colocando o Parlamento na defensiva.

Aproveitando a conjuntura favorável, que levou o presidente Lula a melhorar sua popularidade na pesquisa divulgada pelo instituto Quaest (2 a 5/10), o PT apostará na campanha “taxação BBB” – iniciais de bilionários, bancos e bets. O argumento central é o de que os “BBBs” são os “super-ricos” para viabilizar a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais em nome da “justiça tributária”.

Um dos vídeos compara: “Que país você quer? O que voltou ao mapa do fome ou aquele que está reduzindo a desigualdade? O país da blindagem aos políticos ou aquele que quer o fim da jornada 6×1? O país que mantém privilégios ou o que taxa quem é bilionário para zerar o imposto de quem ganha menos?”.

Outro alvo do Planalto será o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Após o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), agradecer a Tarcísio sua suposta articulação contra o aumento de impostos, os ataques do governo contra Tarcísio aumentaram. Não por acaso, no dia seguinte à citação de Tarcísio, Sóstenes atribuiu a menção ao governador paulista a um “lapso de memória”.

Reagindo aos ataques que começam a ocorrer por parte do PT, Tarcísio postou um vídeo nas redes sociais afirmando que seria alvo de uma “campanha de construção de imagem por parte do PT”: “A estratégia do PT sempre foi esta: vender um mundo perfeito na publicidade, gastando o seu dinheiro para isso, para espalhar fake news, o medo, o ódio, em cima de quem pensa diferente deles.”

Os embates entre o governo Lula e Tarcísio tendem a se intensificar. Embora o governador paulista afirme que não é candidato à Presidência, permanece no jogo. Ao criticar o aumento de impostos, Tarcísio adotou um discurso de presidenciável.

O PT, sabendo que Tarcísio poderá ser o nome escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para concorrer ao Planalto em 2026, manterá os embates com o governador tendo em vista desgastá-lo. Além de explorar o vínculo de Tarcísio com Bolsonaro, buscará construir a narrativa de que o governador seria o “candidato dos ricos”.

Autor

  • Analista Político da Arko Advice. Doutorando em Ciência Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Bacharel em Ciência Política (ULBRA-RS). Especialista em Ciência Política (UFRGS). Tem MBA em Marketing Político (Universidade Cândido Mendes).

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