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Análise: PSD se fortalece e aumenta indefinições para 2026

Além de contar com dois pré-candidatos ao Planalto, passa a contabilizar quatro governadores: Ratinho Júnior (PR), Eduardo Leite (RS), Fábio Mitidieri (SE) e Raquel Lyra (PE)

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A filiação do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ao PSD, na última sexta-feira (09), em São Paulo, eleva as indefinições sobre a configuração do tabuleiro da sucessão presidencial para as eleições de 2026.

Lançado pelo presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, como um dos pré-candidatos do partido ao Palácio do Planalto, juntamente com o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), Leite fez um discurso de presidenciável na ocasião. Defendeu que é o momento de “pensar um projeto para o Brasil que supere a polarização” e colocou-se à disposição para liderá-lo.

Leite também acenou a Ratinho, ao dizer que tem “respeito e admiração” por ele e que não deseja ser o candidato a presidente do Brasil pelo PSD “a qualquer custo”. Leite afirmou que foi para o PSD para “construirmos juntos”, descartando, por exemplo, disputar uma prévia com Ratinho.

Também ganhou destaque a afirmação de Leite de que apoiaria o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), caso o PSD achasse melhor não lançar uma candidatura própria. Já se o PSD permanecer na base do governo Lula (PT), Leite admitiu a possibilidade de concorrer ao Senado pelo Rio Grande do Sul.

Chamou atenção ainda o fato de a filiação ter ocorrido em São Paulo e não no Rio Grande do Sul. Mesmo que Leite tivesse uma viagem marcada para Nova York neste domingo (11), o que o obrigaria a passar por São Paulo, quando a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, filiou-se ao PSD, Gilberto Kassab foi até Pernambuco.

Assim, poderia o fato de a filiação de Leite ter ocorrido em São Paulo ser uma indicação de que ele, mesmo sendo pré-candidato ao Planalto, estaria disposto a fortalecer o nome de Tarcísio? Ou a filiação do governador gaúcho em São Paulo, fortalecendo o PSD, seria um recado do próprio Kassab a Tarcísio, já que Kassab tem defendido que o governador paulista concorra à reeleição em seu estado?

Vale mencionar que a filiação de Leite em São Paulo contou com a presença de filiados ao PSD como: o vice-governador paulista, Felício Ramuth; a coordenadora nacional do PSD Mulher, Alda Marco Antonio; o presidente do PSD de Minas Gerais, Cássio Soares; o deputado federal Saulo Pedroso (SP); o coordenador do Conselho Político do PSD paulista, Heráclito Fortes; e o ex-ministro Andrea Matarazzo.

Com a filiação de Eduardo Leite, o partido de Gilberto Kassab aumenta sua força para 2026. Além de contar com dois pré-candidatos ao Planalto, passa a contabilizar quatro governadores: Ratinho Júnior (PR), Eduardo Leite (RS), Fábio Mitidieri (SE) e Raquel Lyra (PE). É a segunda legenda com o maior número de governadores no país, ao lado do PT, ficando atrás apenas da federação União Progressista (PP e União Brasil), que terá seis governadores.

O PSDB, por sua vez, caminha para o fim. Mesmo com a provável fusão com o Podemos, dando origem a uma nova legenda, os tucanos perderam dois de seus três governadores – antes de Leite, a governadora Raquel Lyra também trocara o ninho tucano pelo PSD. Agora, o único governador do PSDB é Eduardo Riedel, do Mato Grosso do Sul. Próximo do bolsonarismo, Riedel também deverá deixar o tucanato, migrando para o PL ou o PSD.

Ao filiar-se ao PSD, Leite aumenta sua visibilidade nacional como pré-candidato ao Planalto. Entretanto, terá uma série de obstáculos pela frente. Além de Ratinho Júnior já estar na “fila” no partido, Kassab tem afirmado que o destino do PSD em 2026 está atrelado a Tarcísio. Ou seja, se o governador paulista concorrer ao Planalto, o PSD deverá acompanhá-lo.

Independentemente do futuro do PSD, Leite tem pouco a perder, pois mesmo que não concorra de fato ao Palácio do Planalto, seu nome estará presente no debate nacional. Fora isso, ele tem, como mencionado, a possibilidade de disputar o Senado pelo Rio Grande do Sul, com boas chances de conquistar uma das vagas.

Como novo presidente do PSD gaúcho, Leite terá a missão de estruturar o partido em seu estado. No PSD, o projeto político de Leite no Rio Grande do Sul ficará mais forte. Quem ganha com isso é o vice-governador, Gabriel Souza (MDB), que deverá ser o candidato de Eduardo Leite ao Palácio Piratini em 2026. Além do PSD e do MDB, a aliança governista de Leite e Gabriel no estado deverá manter aliados como PP e União Brasil – hoje União Progressista –, PSDB e Podemos, podendo atrair ainda o PDT e o Republicanos.

Autor

  • Analista Político da Arko Advice. Doutorando em Ciência Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Bacharel em Ciência Política (ULBRA-RS). Especialista em Ciência Política (UFRGS). Tem MBA em Marketing Político (Universidade Cândido Mendes).

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