O encontro ocorrido na terça-feira passada (17) em Presidente Prudente (SP), durante a Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne (Feicorte), entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, pode indicar uma aproximação entre o bolsonarismo e um dos partidos mais cobiçados do país para a sucessão presidencial de 2026 — o PSD. Também participou do encontro o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Em um gesto a Kassab, Bolsonaro afirmou que Tarcísio “já aprendeu 95% da política. Os 5% que faltam poderiam ser ensinados em aulas particulares, se é que já não pegou com Kassab”.
Mesmo que a presença de Bolsonaro, Tarcísio e Kassab em um evento do agronegócio possa ser considerada natural, em função da aliança do PSD com Tarcísio em São Paulo e da proximidade deles com o agro, chama atenção o flerte entre o PSD e o bolsonarismo. Recentemente, o PSD publicou inserções no rádio e na TV em São Paulo reforçando a aliança do partido com o governador paulista. Os vídeos mostram Tarcísio participando de inaugurações de obras públicas.
Secretário estadual de Governo e Relações Institucionais do Estado de São Paulo, Kassab possui uma sólida aliança com o governador. Embora defenda que Tarcísio concorra à reeleição em 2026, Kassab tem sido enfático ao atrelar o destino do PSD a Tarcísio, ainda que o partido tenha em seus quadros os governadores Ratinho Júnior (PSD-PR) e Eduardo Leite (PSD-RS) como presidenciáveis.
Considerando que o presidente Lula (PT) será candidato à reeleição, os acenos entre PSD e Bolsonaro devem ser observados mais de perto, pois sinalizam uma aproximação de Kassab não apenas com Tarcísio, mas também com o bolsonarismo, o que pode trazer importantes consequências para a sucessão de 2026.
Mais do que aumentar a possibilidade de uma aliança de centro-direita em direção ao Planalto, pode estar em curso a construção de uma aliança que une o maior do partido do país (o PSD foi a legenda que mais elegeu prefeitos nas eleições municipais de 2024), o bolsonarismo (uma das maiores forças sociais do país, junto com o lulismo) e um dos setores mais poderosos do país economicamente (o agro).
Essa construção política teria São Paulo como o seu principal reduto. Se considerarmos que o Nordeste pende para Lula, o Norte deve dividir-se e o Centro-Oeste e o Sul têm votado com a direita, o Sudeste tenderá a ser decisivo nas eleições.
Além de ser o maior colégio eleitoral do país e um reduto antipetista, São Paulo é comandado por Tarcísio, hoje o único governador em condições de atrair o PSD e o bolsonarismo e unir o agro e o mercado em torno de um projeto de centro-direita liberal na economia e conservador nos costumes.