O protagonismo adquirido pela agenda da segurança pública desde a megaoperação de combate ao crime organizado no Rio de Janeiro, no fim de outubro, mudou, mais uma vez, a conjuntura política. O episódio interrompeu a recuperação da popularidade do presidente Lula (PT). Segundo o instituto Quaest, neste momento a desaprovação de Lula supera a aprovação em três pontos percentuais: 50% a 47%.
A Quaest trouxe ainda outros dados negativos para Lula:
- 63% consideram que o presidente não está cumprindo as promessas de campanha;
- 43% entendem que a economia piorou nos últimos 12 meses;
- 58% afirmam que o preço dos alimentos nos supermercados aumentou;
- 72% consideram que o poder de compra é menor do que há um ano;
- 50% avaliam que está mais difícil conseguir emprego;
- 58% entendem que o país está indo na direção errada;
- 59% entendem que Lula não deve buscar um novo mandato; e
- 38% enxergam a violência (tema em torno do qual a esquerda tem dificuldade de construir um discurso) como o principal problema do país.
A mudança no cenário político acirrou a disputa, já que a distância do presidente Lula (PT) para os potenciais adversários caiu, ainda que Lula mantenha leve vantagem para 2026. Lula tem apenas 3 pontos percentuais a mais que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL); e 5 pontos em relação aos governadores Tarcísio de Freitas (Rep-SP) e Ratinho Júnior (PSD-PR).
Hoje, temos três possíveis cenários para 2026. Caso Lula tenha como adversário alguém do clã Bolsonaro, as chances de reeleição crescem, pois Bolsonaro, Michelle (PL) e Eduardo (PL-SP) são os nomes mais rejeitados do clã.
Uma segunda possibilidade seria uma disputa entre Lula e um dos candidatos de oposição não vinculados à família Bolsonaro. Por exemplo, Tarcísio de Freitas, Ratinho Júnior, Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União-GO) e Eduardo Leite (PSD-RS). Nesse hipotético cenário, a disputa seria mais equilibrada, aumentando as chances da oposição.
No terceiro cenário, Lula concorreria com alguém da direita que teria um nome do clã Bolsonaro como vice. Nesse hipotético cenário, como ficaria a disputa? Essa é uma questão cercada de dúvidas. Se, por um lado, um nome da oposição não vinculado à família Bolsonaro na cabeça de chapa ajudaria a direita, a presença de um dos Bolsonaros na chapa poderia afastar eleitores, favorecendo a estratégia lulista de reeditar a polarização com o bolsonarismo.

