Desde que Sidônio Palmeira assumiu a Secretaria de Comunicação Social (Secom), em 14 de janeiro, houve uma mudança no status do chefe da Secom. Até então um cargo de gerência das contas institucionais do governo, o posto tornou-se estratégico, elevando o prestígio do chefe da Secom a ministro de primeira linha. Um levantamento feito pela Arko Advice apontou que, em 23 dias com agenda em Brasília, o presidente Lula (PT) teve, pelo menos, 25 encontros com o marqueteiro, uma média de mais de um encontro diário. O recorte vai desde quando Sidônio assumiu o posto até o feriado do Carnaval.
Essa agenda requisitada do marqueteiro se dá porque o presidente Lula tem buscado uma reestruturação profunda em sua comunicação, sobretudo no campo digital. A mudança não se resume à atualização das estratégias de mídia, refletindo um reposicionamento político e estratégico com o objetivo de reverter a baixa popularidade do presidente, especialmente nas redes sociais, onde a disputa por narrativas políticas se intensificou.
A mudança de postura também se deve à necessidade de enfrentar o crescimento das forças bolsonaristas nas redes sociais. Um exemplo da atuação do marqueteiro no combate à oposição foi o gerenciamento da crise gerada pelo vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) sobre mudança no Pix. Nos bastidores, especula-se que a sugestão de recuar tenha partido de Sidônio.
O novo rumo da comunicação de Lula
Sidônio tem projetado uma comunicação mais jovem e dinâmica nas redes sociais. A escolha por plataformas como Instagram e TikTok, populares entre o público jovem, revela a tentativa de o governo não só se adaptar aos novos tempos, como também se reconectar com as gerações mais engajadas nas discussões digitais. Um exemplo emblemático dessa estratégia foi a adoção dos bonés, que deram espaço à campanha “O Brasil é dos brasileiros”, uma resposta ao mesmo acessório usado por alguns políticos de direita com o slogan trumpista “Make America Great Again”.
Sidônio também implementou mudanças significativas na estrutura da Secom, nomeando pessoas ligadas à comunicação digital do prefeito de Recife, João Campos (PSB). À época, Sidônio classificou essa nova fase como uma busca por uma comunicação mais espontânea, menos polida e mais autêntica, quebrando as formalidades típicas da comunicação governamental.
No entanto, para que esse tipo de estratégia seja bem-sucedido, será necessário equilibrar a informalidade com a clareza e a profundidade das mensagens políticas, sem perder a credibilidade perante os mais críticos.

