No retorno da viagem a Nova York, a expectativa é que o presidente Lula (PT) confirme a indicação do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) para o Ministério da Secretaria Geral em substituição a Márcio Macêdo (PT). A troca não chega a ser uma novidade, já que a ida de Boulos a Esplanada vem sendo cogitada há meses.
A escolha de Guilherme Boulos é natural, já que a Secretaria Geral tem como uma de suas atribuições a articulação com os movimentos sociais. Após as forças sociais de esquerda terem dado uma demonstração de força nas manifestações contra a PEC das Prerrogativas e o PL da Anistia no último final de semana, a provável indicação de Boulos – que é o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), tendo base política nas periferias de São Paulo (SP) – indica que Lula poderá intensificar a mobilização dos movimentos sociais de olho na sucessão de 2026.
Com Guilherme Boulos no Ministério, o presidente também sinaliza com a construção de uma aliança à esquerda para 2026. Como União Brasil e PP já anunciaram formalmente seu desembarque da base aliada, antecipando um movimento para 2026, e o PSD deverá apoiar o governador de SP, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ou lançar candidatura própria – Ratinho Júnior (PR) ou Eduardo Leite (RS) – Lula começa a viabilizar a união das esquerdas para 2026.
Além da federação PT, PCdoB e PV, o presidente deverá manter Geraldo Alckmin (PSB) como vice-presidente, além de atrair o PSOL e possivelmente o PDT. Com o centrão mais distante de Lula, resta ao Palácio do Planalto aglutinar o campo da esquerda e negociar acordos estaduais com partidos como o União Brasil, PP, PSD e MDB, principalmente nas regiões Norte e Nordeste.
Com a ida de Guilherme Boulos para a Esplanada, ele não deve ser candidato a deputado federal, o que poderá beneficiar os candidatos do PT à Câmara em São Paulo, já que Boulos foi o deputado federal mais votado em 2022. Além disso, ao atrair Boulos para o Ministério, o PSOL deve estar aliado ao PT em São Paulo.
Mesmo que a escolha de Guilherme Boulos para o Ministério não agregue além da esquerda, sua indicação pode mobilizar os movimentos sociais e manter a esquerda unida em torno de Lula.
Os sinais emitidos por Lula indicam uma aposta em um governo mais à esquerda. Além de mobilizar as ruas e construir uma aliança de esquerda, o governo aposta em medidas sociais como a isenção do imposto de renda para quem ganha até 5 salários mínimos, o programa Gás do Povo, a isenção da conta de luz para os mais pobres e o programa mais especialistas no SUS.