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Análise: Os movimentos de Tarcísio pró-anistia

A partir das movimentações de Tarcísio, o tema da anistia voltou a esquentar

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Enquanto, na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) iniciava o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete réus acusados de tentativa de golpe de Estado em 2022, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), articulava com líderes dos partidos do Centrão a aprovação de um projeto de lei de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. A partir das movimentações de Tarcísio, o tema da anistia voltou a esquentar.

O líder do PL, Sóstenes Cavalcante, chegou a anunciar que a matéria já contaria com o apoio de PSD, PP, PL, Republicanos, União Brasil e Novo. Juntas, essas legendas somam 292 votos, número mais do que suficiente para a anistia ser aprovada.

As articulações de Tarcísio merecem algumas considerações. Em primeiro lugar, sinalizam pré-disposição e simpatia dos partidos do Centrão em relação a uma eventual candidatura de Tarcísio ao Palácio do Planalto em 2026. Os partidos do bloco sabem que aliados de Bolsonaro cobram ações mais consistentes do governador para apoiá-lo como candidato presidencial, ainda que o ex-presidente esteja inelegível.

Segundo: o movimento de Tarcísio pode reduzir, no curto prazo, resistências de parte da família do ex-presidente ao nome de Tarcísio. Vale lembrar que o governador foi alvo recente de críticas do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ).

Justamente para quebrar resistências a seu nome e demonstrar lealdade ao ex-presidente, além da defesa da anistia Tarcísio declarou recentemente que se fosse eleito presidente da República seu primeiro ato seria dar indulto a Bolsonaro.

Por outro lado, o envolvimento direto de Tarcísio de Freitas na defesa da anistia pode aumentar sua rejeição entre eleitores de centro. De acordo com pesquisa AtlasIntel (14 agosto), 51,2% são contrários à anistia, 46,9% são favoráveis e 1,9% está indeciso. Segundo o Datafolha (01/08), esses números são 55%, 35% e 11%, respectivamente.

Em entrevista recente, o governador de São Paulo disse que não poderia confiar na Justiça. Tal declaração foi muito explorada por governistas e criticada por setores do centro.

No momento, a direita tem várias alternativas a Jair Bolsonaro: Romeu Zema (Novo), Ronaldo Caiado (União), Ratinho Júnior (PSD). Mas, nas últimas semanas, o nome de Tarcísio se fortaleceu bastante. De forma reservada, integrantes do PL falam que o governador seria a escolha de Bolsonaro, mas somente após o aval formal de Bolsonaro irão admitir.

Autor

  • Vice-presidente e sócio da Arko Advice desde 1999, mestre em Ciência Política pela UnB, professor, palestrante e editor-chefe do "Cenários Políticos" e "Política Brasileira".

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