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Análise: O recuo estratégico de Tarcísio

Tarcísio segue como o nome mais competitivo da direita no plano nacional para 2026

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Após movimentar-se no cenário nacional em favor da anistia, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), realizou um recuo estratégico. O primeiro sinal nesse sentido foi o anúncio da desistência de ir a Brasília para participar das articulações da votação da urgência do projeto.

A decisão do governador foi tomada após receber críticas por conta de sua inflexão em direção ao bolsonarismo raiz no 7 de Setembro. Embora aquele gesto de Tarcísio tenha reforçado sua lealdade ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a pesquisa divulgada pelo instituto AtlasIntel na semana passada trouxe números que merecem atenção por parte do governador.

Segundo o AtlasIntel, a rejeição a Tarcísio cresceu 4 pontos, de 46% para 50%, nos últimos 30 dias. Além disso, as críticas feitas por ele ao Supremo Tribunal Federal (STF) foram desaprovadas por 49,1%, embora aprovadas por 43,5%. Ao serem questionados se a postura mais à direita de Tarcísio for mantida nas eleições de 2026, 54,5% dos entrevistados disseram que não votariam nele, enquanto 31,8% afirmaram que votariam.

Outro fato que motivou Tarcísio a concentrar sua agenda em São Paulo foi o assassinato do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes – um dos pioneiros no Brasil no combate ao crime organizado – na Praia Grande (SP), em uma emboscada.

O crime, atribuído ao Primeiro Comando da Capital (PCC), pressiona o Palácio dos Bandeirantes a dar uma resposta forte em uma área que é a principal demanda dos eleitores: a segurança. Segundo o instituto Quaest, 28% dos entrevistados consideram a violência o maior problema do país.

Outro aspecto a ser observado é que, com o recuo estratégico, Tarcísio também busca se preservar de ataques por parte do Palácio do Planalto. Pelos sinais emitidos por Tarcísio, sua prioridade será a gestão como governador. Aliás, ao ser novamente questionado sobre as eleições de 2026, ele declarou com clareza que não será candidato a presidente e que disputará a reeleição como governador.

Mesmo que diga que será candidato à reeleição, Tarcísio permanece no jogo nacional. Isso porque as pesquisas de intenção de voto o têm colocado com o melhor desempenho entre as alternativas de direita em um eventual confronto com o presidente Lula (PT), com uma desvantagem que varia de apenas 5 a 8 pontos percentuais.

Para viabilizar uma eventual candidatura à Presidência, Tarcísio precisa: manter sua popularidade elevada em São Paulo; ser o escolhido por Jair Bolsonaro; construir em São Paulo um candidato a governador que consiga manter sua base unida, não apenas para a disputa estadual, mas também no pleito nacional.

Apesar desses desafios, Tarcísio segue como o nome mais competitivo da direita no plano nacional para 2026.

Autor

  • Analista Político da Arko Advice. Doutorando em Ciência Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Bacharel em Ciência Política (ULBRA-RS). Especialista em Ciência Política (UFRGS). Tem MBA em Marketing Político (Universidade Cândido Mendes).

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