Faltando um ano para as eleições de 2026, o presidente Lula (PT) está em vantagem. Além de liderar as pesquisas de intenção de voto, encontrou alguns pilares para a sua narrativa: 1) a defesa da soberania, consequência do tarifaço; 2) a agenda da justiça tributária, tendo como pauta a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil; 3) a defesa da democracia, retomada após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL); e 4) a redução do preço dos alimentos, amenizando o pessimismo com a economia.
A divisão da direita também ajuda Lula. Bolsonaro, mesmo fora do jogo, permanece como principal nome da direita. Embora o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) seja competitivo, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) almeja ser candidato, impondo obstáculos a Tarcísio. Também estão no jogo os governadores: Romeu Zema (Novo-MG); Ratinho Júnior (PSD-PR); Ronaldo Caiado (União Brasil-GO); e Eduardo Leite (PSD-RS).
Os desafios da oposição não se resumem à escolha do candidato. Não há consenso nem mesmo sobre o vice. Ainda que o clã Bolsonaro admita apoiar Tarcísio, pode não querer abrir mão da vice. Contudo, ter na chapa alguém ligado a Bolsonaro pode trazer problemas por conta da rejeição ao ex-presidente. E o dilema é que o candidato da direita necessita do apoio de Bolsonaro. Ou seja, Bolsonaro traz votos, mas também rejeição. Lula também carrega desgastes, ainda que os erros da oposição o ajudem. E a polarização passa por um cansaço.
Nos próximos meses, Lula apostará em medidas sociais para melhorar sua popularidade. Quando comparamos a avaliação dos governos FHC 1, Lula 1, Dilma 1 e Jair Bolsonaro em setembro do ano anterior à eleição, constatamos que os presidentes que buscaram a reeleição melhoraram ou ficaram com aprovação estável na reta final do mandato. Isso pode ser atribuído às vantagens dos incumbentes: concorrem no exercício do cargo, controlam a máquina e têm o poder de pautar a agenda e o noticiário.
FHC (PSDB), mesmo enfrentando o impacto da crise asiática, manteve uma aprovação superior à desaprovação e foi reeleito.
Lula, apesar da crise do mensalão, dobrou sua popularidade no último ano de seu mandato e também conquistou um novo mandato.
Dilma Rousseff, que havia enfrentado as jornadas de junho de 2013, conseguiu manter a aprovação maior que a desaprovação e obteve a reeleição.
Único presidente a não se reeleger desde 1998 (quando a reeleição foi permitida), Jair Bolsonaro obteve um salto de popularidade na reta final de seu mandato.
Faltando um ano para a sucessão, Lula possui uma aprovação maior que a registrada em seu primeiro mandato, e superior à de Bolsonaro no mesmo período. No entanto, a aprovação de Lula é inferior à de FHC e de Dilma. Lula é o único dos presidentes que buscaram a reeleição desde 1998 com uma desaprovação maior que a aprovação nessa fase da disputa.
Por outro lado, Lula lidera as pesquisas a um ano do pleito, assim como os presidentes que foram reeleitos.
A vantagem hoje é de Lula, mas a sucessão está em aberto. Com a polarização calcificada, o espaço para melhorar a popularidade é mais limitado. No entanto, a aprovação de Lula pode crescer. Mesmo sem adversário definido, a desaprovação do governo supera a aprovação, e a maioria acha que Lula não merece um novo mandato. Além disso, a percepção majoritária é de que o país está no caminho errado. No entanto, a oposição, por ora, não está conseguindo converter em votos a desaprovação do governo.