O eleitor estratégico em 2026 será aquele que o instituto Quaest classifica de “independente”. O nicho concentra 31% dos brasileiros, taxa um pouco inferior à taxa dos “bolsonaristas” e à taxa da “direita não bolsonarista”, que somam 35% dos brasileiros; e também um pouco menor do que o índice dos “lulistas” e o índice da “esquerda não lulista”, que somam 32%.
Por conta da sedimentação da polarização, é improvável que tenhamos oscilações expressivas nas preferências dos polos – direita (“bolsonarista” e “direita não bolsonarista”) e esquerda (“lulista” e “esquerda não lulista”). Assim, cresce o peso dos “independentes”, que são mais voláteis.
Ainda que a Quaest contabilize 31% de eleitores “independentes”, esse percentual pode ser menor, já que a abstenção nas últimas eleições presidenciais girou em torno de 20%.
Como os “independentes” são, potencialmente, menos mobilizados que os engajados, o índice de 31% deve reduzir. Contudo, mesmo que os “independentes” sejam quantitativamente minoritários na comparação com os polos, terão grande peso na eleição. Esse eleitor tem uma relação pontual com a política, muda seu posicionamento com facilidade e costuma consolidar sua decisão de voto nos dias anteriores à eleição, o que deixa o pleito de 2026 ainda mais imprevisível.
Neste momento, o presidente Lula (PT) está em desvantagem entre os “independentes”. Embora Lula tenha crescido nesse segmento entre agosto e outubro, beneficiado pelo efeito político do tarifaço, o cenário mudou em novembro, consequência da megaoperação de combate às facções criminosas no Rio de Janeiro no fim de outubro. Hoje, a maioria dos “independentes” desaprova o governo.
Outro item da Quaest entre os eleitores “independentes” no qual devemos prestar atenção refere-se “ao que seria melhor para o Brasil”. A maioria dos “independentes” defende alguém que não seja “nem Lula nem Jair Bolsonaro”. Essa opção, somada à alternativa “alguém de fora da política”, soma 65% entre os eleitores “independentes”, e 41% entre a totalidade do eleitorado. Ou seja, a polarização Lula x Bolsonaro passa por um desgaste.
O desgaste de Lula e de Bolsonaro aparece reforçado quando analisamos o potencial dos pré-candidatos ao Palácio do Planalto entre os eleitores “independentes”. Embora todas as alternativas tenham um saldo negativo, os percentuais mais elevados são os de: Eduardo Bolsonaro (-75%); Michelle Bolsonaro (-54%); e Jair Bolsonaro (-52%). Na sequência, aparece Lula (-31%).
Os governadores Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), Ratinho Júnior (PSD-PR) e Tarcísio de Freitas (Rep-SP) têm os menores saldos negativos, o que sugere um maior potencial de crescimento para esses governadores, principalmente porque o índice de desconhecimento que apresentam (“não conhece”) é elevado.
Mesmo que exista uma demanda por um nome da terceira via – e também por alguém de fora da política tradicional –, é improvável que apareça uma alternativa que já não esteja postada no tabuleiro.
A elevada rejeição de Lula e as opções do clã Bolsonaro entre os eleitores independentes podem abrir espaço para um ou mais governadores de oposição. No entanto, as alternativas mais competitivas – Tarcísio e Ratinho – enfrentam desafios importantes.
Para concorrer a presidente, Tarcísio, além do apoio de Jair Bolsonaro, necessita construir um candidato que unifique sua base aliada. Ratinho, por sua vez, tem um desafio um pouco mais complexo. Além de ter de definir seu sucessor, terá pela frente o favoritismo do senador Sergio Moro (União Brasil), que lidera com ampla vantagem as pesquisas no Paraná.
A divisão da oposição, por ora, mantém Lula em vantagem. No entanto, a perda de capital político do presidente por parte do estratégico eleitor independente acirra a sucessão.

