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Análise: O novo momento da sucessão para 2026

Ainda que a conjuntura beneficie Lula, a sucessão de 2026 está em aberto

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A crise desencadeada pelo tarifaço de 50% anunciado no dia 9 de julho pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre os produtos importados do Brasil, o aumento das tensões do governo Lula (PT) com os norte-americanos, e a operação de busca e apreensão da Polícia Federal (PF), ocorrida no dia 18, contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), modificam o cenário da sucessão presidencial em 2026.

Até então desgastado pela desaprovação ao governo, o presidente Lula (PT) ganhou uma narrativa: a da defesa da soberania nacional e da democracia. Como mostram recentes pesquisas AtlasIntel e Quaest, Lula recuperou-se para 2026, impulsionado pela defesa do Brasil e pela rejeição a Bolsonaro, que deve crescer. Como consequência, o presidente deve, por ora, preservar a liderança nos cenários eleitorais para 2026. Como a oposição não tem um candidato natural e Jair Bolsonaro se apresenta hoje como grande derrotado pelos fatos das últimas semanas, Lula recuperou a posição perdida no fim do ano passado.

No entanto, o presidente segue com desafios pela frente. Além de ter de encontrar uma solução para o tarifaço, que, se implementado, provocará danos à economia brasileira, as pesquisas indicam que a percepção dos eleitores em relação à economia permanece negativa. Apesar dos desafios, Lula conseguiu melhorar sua avaliação no Sudeste e entre os segmentos de classe média e com ensino superior, avançando sobre redutos não petistas.

Ao partirem para o “tudo ou nada”, Jair Bolsonaro e o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ficaram mais distantes do setor produtivo. Parte do “Centrão” passou a repensar o que fará na sucessão de 2026, deixando a direita mais dividida.

A atuação de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, embora tenha aumentado seu prestígio entre os setores mais radicais, alimentando seu desejo de concorrer ao Palácio do Planalto no ano que vem, criou um dilema para o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que tem oscilado entre a defesa de Jair Bolsonaro e movimentos que buscam amenizar o desgaste de seu vínculo com o ex-presidente.

As dificuldades de Tarcísio em encontrar um posicionamento nesta crise pode levar, por exemplo, outros governadores a intensificarem seus movimentos em direção ao Planalto. É o caso de: Ratinho Júnior (PSD), no Paraná; Eduardo Leite (PSD), no Rio Grande do Sul; Romeu Zema (Novo), em Minas Gerais; Ronaldo Caiado (União Brasil), em Goiás.

Lula, por ora, se beneficia da rejeição ao tarifaço de Trump; do aumento da rejeição a Jair Bolsonaro e a Eduardo Bolsonaro; da falta de um adversário; e por ter encontrado bandeiras para defender. Contudo, ainda que a conjuntura beneficie Lula, a sucessão de 2026 está em aberto.

Autor

  • Analista Político da Arko Advice. Doutorando em Ciência Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Bacharel em Ciência Política (ULBRA-RS). Especialista em Ciência Política (UFRGS). Tem MBA em Marketing Político (Universidade Cândido Mendes).

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