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Análise: O desgaste de Lula é definitivo?

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Os desafios enfrentados pelo presidente Lula (PT) na economia, principalmente o aumento da inflação, em especial dos alimentos, indicam dificuldades tanto em 2025 quanto em 2026, ano da sucessão presidencial. Não por acaso, Lula registra a mais baixa popularidade de seus três governos. Sua rejeição cresce na classe média e, além disso, 62% dos brasileiros entendem, de acordo com o Ipec, que ele não deve concorrer à reeleição.

A conjuntura adversa que cerca o governo cria um sentimento de mudança na opinião pública, gerando demanda por renovação, o que é negativo para quem representa o continuísmo. Observadores do cenário político chegam a projetar derrota de Lula, caso ele, de fato, concorra à reeleição em 2026.

Apesar do quadro de dificuldades que se apresenta para o governo, não devemos esquecer que a trajetória política de Lula foi marcada por metamorfoses. Após as derrotas de 1989, 1994 e 1998, ele alterou sua estratégia em 2002, quando venceu sua primeira eleição presidencial, tendo o empresário José Alencar como vice.

Com a crise do mensalão, em 2005, diante da perda de eleitores na classe média, reconstruiu sua base social de apoio, que passou a se ancorar nos segmentos de menor renda. Com a prisão, em 2018, sua carreira política foi dada como encerrada. Entretanto, após ter sua condenação anulada, concorreu em 2022 e elegeu-se presidente, tendo Geraldo Alckmin (PSB) como vice.

Agora, Lula precisará passar por uma nova metamorfose. O presidente necessita criar uma marca para seu terceiro governo, responder aos desafios no campo econômico e reconstruir a frente ampla que o elegeu em 2022.

Mesmo que o presidente tenha tempo para isso, os sinais emitidos pelo governo têm sido ruins. A desconexão em relação à realidade permanece como uma característica do governo Lula 3. Na semana passada, o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, aliado do presidente, chegou a divulgar uma carta criticando o isolamento de Lula e sua ausência da política, bem como o fato de, no seu entendimento, o presidente estar “preso à memória do passado”.

Conforme ocorre desde 2023, são os erros do bolsonarismo que têm criado as melhores oportunidades para Lula, como a narrativa da defesa da democracia. O presidente, porém, não tem conseguido avançar além disso.

Autor

  • Analista Político da Arko Advice. Doutorando em Ciência Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Bacharel em Ciência Política (ULBRA-RS). Especialista em Ciência Política (UFRGS). Tem MBA em Marketing Político (Universidade Cândido Mendes).

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