Na última semana, a federação União-PP anunciou, oficialmente, que não integra mais a base do governo. E deu um ultimato aos ministros das siglas que compõem a federação para que deixem os cargos até o próximo dia 30. Já outras nove legislaturas que integram o governo não têm perspectiva de desembarque imediato.
Atualmente, o PT é o partido com mais ministérios (13 de 38), seguido por PSB, PSD e MDB, cada um com três cargos. O PDT comanda dois órgãos, e o restante dos partidos da base – PCdoB, Rede, Republicanos e PSOL — administra apenas um cada. Segundo pesquisa do Nexo Jornal, o PSB tem 91% dos votos alinhados com o governo na Câmara dos Deputados, além de ter Geraldo Alckmin como vice do presidente Lula (PT). Assim, a tendência é que não haja desembarque desse partido.
Seguindo a ordem, cerca de 73,1% dos deputados do PSD votaram com o governo na Câmara. Na Esplanada, Alexandre Silveira, de Minas e Energia, é cota pessoal do presidente Lula e, portanto, não anunciará um desembarque do governo imediato, até porque busca apoio de Lula para concorrer ao Senado em 2026. Carlos Fávaro, da Agricultura e Pecuária, já sinalizou, no começo deste ano, que pretende permanecer no governo até o início de 2026.
O MDB mantém um alinhamento de 67,3% com o governo na Câmara e indecisões quanto ao caminho que deve seguir em 2026. Há possibilidade de um integrante do partido ocupar esse espaço, caso Geraldo Alckmin (PSB) não siga como vice de Lula para a disputa na próxima eleição. A ministra Simone Tebet (MDB), do Planejamento e Orçamento, já sinalizou que defende Lula para 2026. Assim, a tendência é que, por ora, os ministros se mantenham nos cargos.
Já o PDT vota 90,1% das vezes com o governo na Câmara; o PCdoB, 96,4%; o Rede, 89%; e o PSOL, 86,9%. O Republicanos, por outro lado, vem sinalizando cada vez mais uma aproximação com a direita, tendo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como um dos principais impulsionadores das negociações na última semana pela anistia dos presos pelos atos de 8 de janeiro de 2023. O afastamento, no entanto, não se aplica ao ministro Silvio Costa Filho, de Portos e Aeroportos, que já indicou publicamente que pretende ficar no cargo e apoiar Lula em 2026.
Por mais que a cota ministerial aparente estar alinhada com o governo, isso não se aplica ao Congresso. Apenas neste ano ocorreram situações como o apoio de partidos governistas ao requerimento de urgência da anistia e a derrubada do decreto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Principalmente com o aproximar das eleições de 2026 e a possibilidade de novos candidatos de centro se inserirem no discurso pré-eleitoral, é preciso que Lula melhore a articulação política para garantir apoio na reeleição e uma base sólida no Legislativo.

