Organizado pelo pastor Silas Malafaia sob o slogan “Justiça Já”, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participou, na tarde de domingo (29), de um novo ato político em favor da anistia para os envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. A manifestação, realizada na Avenida Paulista, foi marcada por críticas ao governo do presidente Lula (PT) tendo como alvos o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e as denúncias de fraude no INSS.
Além de Jair Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, estiveram presentes os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG), Cláudio Castro (PL-RJ) e Jorginho Mello (PL-SC), o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, e deputados e senadores do PL.
O público presente foi tímido, o que indica uma perda de fôlego da repetitiva narrativa contra o Supremo Tribunal Federal (STF). Nos últimos atos promovidos pelo entorno de Bolsonaro, a adesão popular tem sido cada vez menor.
A redução do público também tem relação com o agravamento da situação jurídica de Jair Bolsonaro. Mesmo entre os fiéis apoiadores, aumenta o sentimento de que ele dificilmente conseguirá tornar-se candidato à Presidência em 2026.
Como consequência, deve crescer nos bastidores a pressão para que Bolsonaro decida, ainda este ano, que candidato apoiará ao Palácio do Planalto. No entanto, a tendência é que, mesmo mais desgastado, ele postergue a decisão para o ano que vem.
A escolha da capital paulista para sediar a manifestação não foi casual. Além de ser um dos principais redutos antipetistas do país – desde 1989, só em 2002 o PT venceu a eleição presidencial no estado –, São Paulo é o maior colégio eleitoral do Brasil e o grande reduto do establishment econômico, que vem adotando, desde o final do ano passado, uma postura mais antagônica ao presidente Lula.
Além disso, o estado é governado por Tarcísio de Freitas (Republicanos), que desponta como o presidenciável com maior capacidade de atrair, ao mesmo tempo, os eleitores bolsonaristas, setores estratégicos do Centrão, o PSD e o apoio de parcela expressiva do PIB nacional.
Tarcísio continuará dizendo, porém, que é candidato à reeleição em São Paulo, enquanto aguarda os movimentos de Bolsonaro. Em seu discurso, Tarcísio defendeu o ex-presidente, pediu a pacificação, poupou o STF de ataques e dirigiu suas críticas ao PT e ao governo Lula.
Mesmo inelegível e cada vez mais desgastado, Jair Bolsonaro será um cabo eleitoral estratégico para o pleito de 2026, já que seu apoio é fundamental para a direita definir seu futuro. Pelo seu lado, a direita, além do desafio de conseguir unidade, necessita construir uma agenda que supere os limites da pauta bolsonarista raiz.