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Análise: Lula prioriza base social no 1º de Maio

Lula celebrou a data, prestou contas das realizações de seu governo, principalmente na área social, e acenou aos trabalhadores

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Durante as comemorações no Dia do Trabalho, na última quinta-feira (1º), o presidente Lula (PT) não compareceu aos atos políticos realizados pelas centrais sindicais, que, nos últimos anos, registraram uma tímida participação da base histórica de Lula. Para evitar ser ligado a um evento com baixa presença de público, o presidente optou por um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão.

Lula celebrou a data, prestou contas das realizações de seu governo, principalmente na área social, e acenou aos trabalhadores. Voltou a destacar que enviou ao Congresso o projeto que isenta de Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil por mês. E prometeu aprofundar o debate sobre o fim da jornada de trabalho 6×1, que deve enfrentar obstáculos no Congresso. As duas propostas também foram pautas das centrais sindicais nas comemorações.

No pronunciamento, Lula mencionou a investigação da Polícia Federal que descobriu fraudes no INSS e que estão causando grande desgaste na imagem do ex-ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), e na do próprio governo. O presidente afirmou que vai determinar o ressarcimento pelas associações à população afetada.

Em sua fala, Lula priorizou a comunicação com os trabalhadores. Claro que o foco escolhido tinha relação com a data, entretanto, desde os últimos meses, diante do saldo negativo de popularidade que vinha sendo detectado em pesquisas de opinião, o presidente já vinha dando destaque às ações destinadas à sua tradicional base de apoio.

Além do projeto que pretende elevar a faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5 mil, o programa Minha Casa, Minha Vida foi ampliado, bem como a concessão de empréstimos consignados a trabalhadores do setor privado. O governo também tentou debater a regulamentação para a atuação de motoristas e entregadores de aplicativos, o que não avançou no Congresso.

Pelos sinais emitidos por Lula, ele continuará realizando um governo mais à esquerda do que em suas duas gestões anteriores.

Ao desconsiderar as transformações no mundo do trabalho, principalmente o empreendedorismo e a agenda da prosperidade – cada vez mais as pessoas atribuem as transformações sociais a um esforço próprio e não a uma ação do governo –, e ao apostar na comunicação com seu eleitorado tradicional, explorando sua relação com os mais pobres, Lula acaba “falando” para o Brasil do passado e abdicando de uma agenda de futuro. Assim, tende a ter dificuldades em ampliar o diálogo político, ficando isolado à esquerda.

Autor

  • Analista Político da Arko Advice. Doutorando em Ciência Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Bacharel em Ciência Política (ULBRA-RS). Especialista em Ciência Política (UFRGS). Tem MBA em Marketing Político (Universidade Cândido Mendes).

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