O presidente Lula (PT) aposta em três ações estratégicas voltadas para a sucessão presidencial de 2026:
1) As medidas de crédito destinadas à classe média, que terá um peso importante em um pleito que deverá ser bastante equilibrado;
2) A mobilização dos movimentos sociais, com o objetivo de demonstrar força nas ruas. Não por acaso, Lula anunciou o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) para o Ministério da Secretaria-Geral; e
3) A narrativa contra os agentes econômicos, sobretudo a Faria Lima, explorando a ascendência do presidente sobre as classes de menor renda.
Segundo matéria divulgada na semana passada pelo Poder360, até o momento Lula já divulgou sete programas para a classe média: 1) programa Crédito do Trabalhador; 2) isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais; 3) crédito para trabalhadores autônomos de baixa renda; 4) ampliação do programa Minha Casa, Minha Vida; 5) programa Agora Tem Especialistas; 6) crédito imobiliário para quem ganha de R$ 12 mil a R$ 20 mil; 7) programa Reforma Casa Brasil.
O foco na classe média não é casual. Como as classes de menor renda são fiéis a Lula, e os segmentos de maior renda possuem uma postura crítica em relação ao presidente, o fiel da balança será a classe média.
Como assinalado, a indicação de Guilherme Boulos para a Esplanada do Ministério foi outro movimento estratégico de Lula, já que Boulos possui influência sobre os movimentos sociais. Na manifestação realizada em setembro, o movimento criado por Boulos intitulado Povo Sem Medo foi o responsável por mobilizar, juntamente com a classe artística, expressivos protestos contra a PEC das Prerrogativas e a anistia aos envolvidos na trama golpista de 8 de janeiro de 2023.
Além disso, Boulos demonstra ter um discurso mais contemporâneo para a chamada “nova classe trabalhadora”. O foco, de acordo com o novo ministro, é o diálogo com os trabalhadores de aplicativos. O governo quer garantir direitos a esses trabalhadores com maior flexibilidade. As medidas incluem remuneração mínima, proteção previdenciária e transparência nos algoritmos, mas “respeitando um grau de flexibilidade”. Boulos acredita em um caminho diferente da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
O antagonismo de classe também estará mais presente. Em recente congresso do PCdoB, Lula afirmou que “a gente não tem que dar muita importância para a Faria Lima não, o nosso discurso é para o povo brasileiro”. A reta final do terceiro mandato de Lula terá um viés mais desenvolvimentista. Apesar da repercussão negativa no mercado em relação a medidas que aumentam o gasto público, essa agenda é popular e tem potencial de fortalecer Lula para 2026.

