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Análise: Imponderável eleição no RS espelha tabuleiro de 2022

Pesquisa Brasmarket aponta liderança de Zucco no RS

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A pesquisa divulgada pelo instituto Brasmarket sobre a disputa de 2026 ao Palácio Piratini aponta que o deputado federal Luciano Zucco (PL) lidera o cenário pré-eleitoral no Rio Grande do Sul (RS). Na segunda posição está o presidente da Conab, Edegar Pretto (PT). A ex-deputada Juliana Brizola (PDT) e o vice-governador Gabriel Souza (MDB) aparecem tecnicamente empatados na terceira posição em função da margem de erro da pesquisa, que é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos. 

Gabriel também está tecnicamente empatado com o deputado federal Covatti Filho (PP); a secretária estadual de Relações Institucionais, a ex-prefeita de Pelotas Paula Mascarenhas (PSDB); e o prefeito de Guaíba, Marcelo Maranatta (PSDB).

Intenção de voto para governador – cenário estimulado (2026)

CANDIDATOS INTENÇÃO DE VOTO (%)
Luciano Zucco (PL) 25,7
Edegar Pretto (PT) 15,4
Juliana Brizola (PDT) 9,6
Gabriel Souza (MDB) 5,3
Covatti Filho (PP) 2,8
Paula Mascarenhas (PSDB) 2,5
Marcelo Maranata (PSDB) 1,3
Brancos/Nulos/Indecisos 37,4

*Fonte: Instituto Brasmarket (27 a 31/10)

Apesar de Zucco largar em vantagem, a disputa no RS está em aberto. O primeiro aspecto a ser observado é que mais de 37% dos eleitores estão “sem candidato” (brancos, nulos e indecisos). O segundo é que dos atuais pré-candidatos, nomes como Juliana Brizola, Covatti Filho, Paula Mascarenhas e Marcelo Maranata, podem não concorrer, optando por composições políticas com Zucco, Edegar e Gabriel. 

O terceiro envolve a abstenção. Nas últimas três eleições ao Piratini, o índice de não comparecimento às urnas girou em torno de 20%. Como a tendência é que esse percentual de atenção se repita em 2026, isso impactará a disputa. O quarto diz respeito ao histórico de surpresas eleitorais no Estado. Desde 2002, esse tem sido o padrão, podendo se reproduzir no próximo ano.

Neste momento, temos uma polarização entre os campos da direita e esquerda. A direita, representada por Zucco e Covatti, concentra 28,50% das intenções de voto. A esquerda, que tem Edegar e Juliana como alternativas, contabiliza 25%. O centro, dividido entre Gabriel, Paula e Maranata, soma 9,1% das preferências.

Outra questão importante que devemos observar é que, faltando cerca de um ano para o pleito gaúcho, a configuração do tabuleiro guarda semelhanças com a eleição de 2022. 

Considerando os votos totais do primeiro turno de 2022, a votação de Onyx (27,71%) foi similar à intenção de voto que Zucco tem hoje (25,70%). Edegar Pretto também registra números parecidos: 19,78% (2022) e 15,40% (na pesquisa Brasmarket).

Gabriel Souza, que aparece com 5,3% na pesquisa, tem um desempenho inferior ao registrado pelo governador Eduardo Leite no primeiro turno de 2022: 19,81%. Covatti Filho, que aparece com 2,8%, espelha o desempenho de Heinze no primeiro turno (3,8%). Juliana Brizola (9,6%) tem mais intenção de voto que o candidato do PDT em 2022 – Vieira da Cunha – que obteve apenas 1,18%.

Eleições 2022 para governador – votos totais

CANDIDATOS 1º TURNO (%) 2º TURNO (%)
Eduardo Leite (PSDB, hoje PSD) 19,81 42,90
Onyx Lorenzoni (PL, hoje PP) 27,71 32,20
Edegar Pretto (PT) 19,78
Luis Carlos Heinze (PP) 3,15
Vieira da Cunha (PDT) 1,18

*Fonte: Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RS)

Olhando para 2026, a tendência é que tenhamos três candidaturas competitivas disputando duas vagas no segundo turno: Luciano Zucco (PL), Edegar Pretto (PT) e Gabriel Souza (MDB). O desempenho de Zucco e Edegar nas pesquisas é similar ao registrado pelos candidatos bolsonarista e lulista do pleito de 2022 – Onyx e Edegar. 

O que surpreende é a baixa densidade eleitoral de Gabriel, que mesmo tendo a visibilidade do cargo de vice-governador, assumindo o comando do RS em diversas oportunidades, e contando com o apoio do governador Eduardo Leite, larga em desvantagem.

Em 2026, novamente teremos uma eleição marcada pelo imponderável no RS. Largar em vantagem hoje não significa uma posição definitiva, pois o comportamento eleitoral dos gaúchos tem sido marcado por bruscas mudanças na reta final dos pleitos em disputa. Esses movimentos muitas vezes não são captados pelas pesquisas, o que aumenta a imponderabilidade da sucessão no Estado. 

Autor

  • Analista Político da Arko Advice. Doutorando em Ciência Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Bacharel em Ciência Política (ULBRA-RS). Especialista em Ciência Política (UFRGS). Tem MBA em Marketing Político (Universidade Cândido Mendes).

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