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Análise: Gabriel Souza disputará eleição ou reeleição no RS?

Situação cria cenário complexo para alianças políticas em 2026

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Uma das variáveis que impactarão a disputa de 2026 ao Palácio Piratini envolve o futuro político do governador do Rio Grande do Sul (RS), Eduardo Leite (PSD). Caso Leite renuncie ao cargo em abril de 2026 para concorrer a presidente ou a senador, o vice-governador Gabriel Souza (MDB), que será candidato a governador, assumirá o Piratini, completando o segundo mandato de Leite. 

Acontece que, por força da legislação eleitoral, caso Gabriel seja o governador a partir de abril do próximo ano, ele disputará a reeleição em outubro, não podendo, em caso de vitória, concorrer a um novo mandato em 2030. Essa perspectiva é estratégica para o tabuleiro da sucessão gaúcha. 

De um lado, isso poderá ajudar Gabriel a atrair o PP, que hoje tem o deputado federal Covatti Filho como pré-candidato a governador, para sua coligação. Caso Gabriel entre na corrida disputando a reeleição, a vaga de vice-governador (a) na chapa será cobiçada, pois, nesse hipotético cenário, o futuro vice será um candidato quase natural em 2030. 

O PP é um dos partidos considerados estratégicos na disputa pelo governo gaúcho. Como integra a federação União Progressista – juntamente com o União Brasil – ter o PP na aliança significa contar com duas legendas importantes para ampliar o tempo de televisão no horário eleitoral. Mais do que isso, PP e União Brasil também são cobiçados pelo deputado federal Luciano Zucco (PL-RS), que é pré-candidato a governador, sendo também um dos players da eleição. 

Se Gabriel Souza atrair o PP e União Brasil, Zucco poderá ficar com uma política de alianças mais restrita. Além disso, o PDT, a depender do desempenho da ex-deputada Juliana Brizola, poderá reavaliar seu caminho. 

Por outro lado, se Eduardo Leite não concorrer a nenhum cargo público em 2026, Gabriel Souza, se vitorioso, não será reeleito, já que disputará o pleito como vice-governador, podendo almejar a reeleição em 2030. Essa possibilidade também pode também ter efeito nas negociações de alianças.

Independente de Gabriel disputar a eleição ou reeleição no RS, o futuro de partidos estratégicos como PP e PDT dependerá da força demonstrada por Gabriel Souza. Se o vice-governador continuar apresentando dificuldade nas pesquisas, PP e PDT, que hoje têm pré-candidaturas postadas no tabuleiro e ao mesmo tempo fazem parte da base do governo estadual, podem resistir em compor com Gabriel.

Outro aspecto a ser observado é que, caso Gabriel Souza permaneça com dificuldade de crescer nas pesquisas, outro nome pode surgir como “Plano B” de Eduardo Leite: o da secretária extraordinário de Relações Institucionais do RS, a ex-prefeita de Pelotas (RS) Paula Mascarenhas (PSDB), fiel aliada de Leite. No entanto, o mais provável hoje é que Leite mantenha o compromisso que tem com Gabriel, pois sem uma aliança com o MDB, o projeto do governador de fazer o sucessor enfrentaria ainda mais obstáculos. 

A decisão a ser tomada por Leite – concorrer ou não em 2026 – envolverá o seguinte cálculo: qual a melhor forma de atuar como cabo eleitoral de Gabriel: permanecendo no governo ou disputando outro cargo no próximo ano?

Após ter sido o primeiro governador a ser reeleito, Leite busca quebrar outro paradigma no RS: ser o primeiro governador a fazer o sucessor. O curioso é que, em razão da legislação eleitoral, Gabriel, se for vitorioso estando à frente do Piratini, seria o segundo governador reeleito de forma consecutiva.

A disputa de 2026 ao Palácio Piratini promete ser novamente muito disputada. Se, de um lado, Gabriel Souza tem potencial de crescimento, de outro, após oito anos do governo Eduardo Leite, também há desgastes, podendo dificultar a união de base aliada, deixando a eleição ainda mais indefinida. 

Autor

  • Analista Político da Arko Advice. Doutorando em Ciência Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Bacharel em Ciência Política (ULBRA-RS). Especialista em Ciência Política (UFRGS). Tem MBA em Marketing Político (Universidade Cândido Mendes).

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