No PT, há unanimidade em torno do nome do presidente Lula (PT) como candidato nas eleições presidenciais de 2026. No entanto, caso Lula não se candidate por motivos de saúde ou de baixa popularidade, há outros nomes sendo ventilados pela imprensa. Entre eles, está o do atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), que nega uma possível candidatura, mas é um nome de confiança do presidente.
Projetos enviados ao Congresso
Diante dessa possibilidade, o sucesso dos projetos econômicos enviados ao Congresso Nacional é determinante para uma possível candidatura de Haddad em 2026. Atualmente, a ampliação da isenção do Imposto de Renda para aqueles que recebem até R$ 5 mil mensais e a tributação dos super-ricos são as principais medidas populares do governo. Além disso, a concessão de crédito consignado mais acessível para trabalhadores do setor privado e a proposta de reajustes anuais do salário mínimo também são positivas nessa caminhada. Vale lembrar que a conclusão da Reforma Tributária seria ainda um grande feito do mandato. Outro elemento determinante nesse cenário é a inflação.
Inflação e mercado
A mais recente reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa Selic a 14,75% ao ano. Com os juros altos, não só a população está descontente com o governo – também o mercado. À pesquisa Quaest divulgada em março, 58% dos entrevistados do mercado financeiro avaliaram o trabalho de Haddad como negativo, contra os 24% captados em dezembro de 2024. Um dos principais fatores a impactar a visão dos
empresários foi a ausência de um anúncio de corte de gastos por parte da União diante da
situação econômica do país. Afora isso, 93% dos entrevistados apontaram que a economia do governo está na direção errada e responsabilizaram o presidente Lula por tal situação.
Para o setor financeiro, Haddad definiu a medida do próprio sucesso ao apoiar o novo
arcabouço fiscal, que substituiu o antigo Teto de Gastos e que tem como objetivo equilibrar as contas públicas e reduzir os gastos do governo. A nova regra fiscal determina que os gastos da União não podem crescer mais do que a arrecadação e que a meta do déficit primário seja zero, com tolerância de 0,25% do PIB. Com regras mais claras, o mercado se sente mais seguro para direcionar investimentos ao país. Além disso, foi positivo para Haddad o recente anúncio de bloqueio de R$ 10,6 bilhões e o contingenciamento de R$ 20,7 bilhões do Orçamento 2025 para alcançar a meta de resultado primário.
Crise do IOF
No entanto, na mesma ocasião, a publicação do decreto que aumentou o Imposto de
Operações Financeira (IOF) causou um grande mal estar para o governo, principalmente, ao Haddad. A falta de um alinhamento prévio com o Legislativo e com o Banco Central (BC)
prejudicaram a imagem do ministro perante o mercado financeiro e demandou que a Fazenda voltasse atrás. O Congresso deixou bem claro a insatisfação perante medidas que que aumentem a quantidade de impostos e o presidente do BC, Gabriel Galípolo, apontou que o IOF é um instrumento de regulação e que não deveria ser usado para arrecadação.
Política
Além disso, há outro elemento que interfere neste cenário. Por mais que Haddad conquiste
popularidade no futuro, ainda há resistência dentro do partido e da base governista com
relação ao nome dele para o cargo de presidência da república. Além disso, o ministro também teria que trabalhar na imagem dele no interior do Norte e Nordeste, para além das capitais.
O cenário atual não é positivo para a candidatura do ministro. Contudo, olhando para o futuro, há a possibilidade de uma melhora, caso Lula não se candidate. Há também a expectativa de que Haddad possa se candidatar ao governo de São Paulo ou ao Senado. Em São Paulo, ele colocaria o atual governador, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em uma saia-justa: Tarcísio deixaria de lado uma quase certa reeleição para uma possível candidatura como presidente, abrindo espaço para Haddad tentar o cargo?
De qualquer forma, a aprovação das medidas fiscais enviadas ao Congresso Nacional é essencial em todos esses cenários, tanto para a aprovação de Lula quanto para uma possível candidatura de Haddad a outros cargos.