A megaoperação de combate ao crime organizado realizada na cidade do Rio de Janeiro em 28 de outubro, além de seu impacto na opinião pública, gerando expressivo apoio popular, projetou nacionalmente o nome do governador Cláudio Castro (PL). Pesquisas Quaest e Datafolha mostraram que Castro atingiu seu maior patamar de aprovação desde 2022. Mas o governador fluminense também enfrenta obstáculos, fruto da politização da operação, que deixou 121 mortos.
Na semana passada, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), esteve na capital fluminense para um encontro com Castro. Na pauta, a megaoperação. Posteriormente, Moraes determinou que a Polícia Federal instaure um inquérito para investigar o crime organizado no estado.
Na mesma semana, teve início o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do recurso que pede a cassação de Castro por abuso de poder político e econômico nas eleições de 2022. Após a relatora da ação, ministra Isabel Gallotti, ter votado pela perda do mandato e pela inelegibilidade do governador, o que levaria à realização de eleições suplementares e ao impedimento de Castro em concorrer em 2026, o ministro Antonio Carlos Ferreira pediu vistas, o que permite a Castro ganhar tempo.
Embora o julgamento não tenha relação com a megaoperação, chama atenção o fato de o TSE ter demorado seis meses para marcar sua data, após Castro ter sido absolvido no Tribunal Regional Eleitoral (TRE). O julgamento de Castro no TSE e os desdobramentos da megaoperação continuarão gerando forte politização.
Como a popularidade do governador melhorou com a operação, não deve ser descartada a possibilidade de mais operações policiais serem realizadas, sobretudo porque a maioria da população fluminense o está apoiando. Por outro lado, a alta letalidade da operação continuará sendo criticada.
Se Cláudio Castro for cassado pelo TSE, o principal beneficiado será o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), que hoje desponta como favorito na disputa de 2026 ao Palácio Guanabara. No entanto, como a eventual perda do mandato de Castro provocará a necessidade de uma eleição suplementar, muito provavelmente o candidato de Castro venceria essa eleição, pois, além da aprovação à megaoperação, o governador explorará a narrativa de que está sendo alvo de “perseguição política e jurídica”.
Caso Castro seja absolvido, ele se fortalecerá como provável candidato a senador. Mais do que isso, caso Castro mantenha a popularidade elevada, o favoritismo de Paes poderia ser reduzido, sobretudo se a agenda da eleição no estado for marcada por um plebiscito sobre segurança pública.

