O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) voltou a ser cogitado para o ministério do governo Lula (PT). Seu nome ganha força para substituir Márcio Macêdo (PT) na Secretaria-Geral da Presidência. Embora uma das atribuições da pasta seja a interlocução com os movimentos sociais – Boulos é um dos líderes nacionais do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) – sua possível ida para a Esplanada vai além da mobilização com os movimentos sociais.
Se escolher Boulos para a Secretaria-Geral, Lula estará sinalizando que seu governo trilhará um rumo mais à esquerda até 2026. Como consequência, o presidente estará mais distante de reproduzir a frente ampla que deu suporte político à sua eleição em 2022. Esse caminho à esquerda não chega a ser novidade, já que quando Gleisi Hoffmann (PT) foi contemplada com a Secretaria de Relações Institucionais (SRI), foram dados sinais dessa tendência. Some-se a isso a opção do governo pelo expansionismo fiscal na economia, de olho na melhora da popularidade de Lula entre o eleitorado de menor renda.
Com Boulos na equipe ministerial, Lula construiria um tripé de ministros ligados à esquerda ortodoxa. Além do deputado do PSOL, Gleisi e o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), integram esse núcleo duro.
A possível indicação de Boulos também envolve as eleições de 2026. Mais distante de uma aliança eleitoral com as legendas do centrão, Lula trabalha para aglutinar a esquerda. PT, PCdoB e PV, que integram a federação Brasil da Esperança, estarão juntos na sucessão do próximo ano. A federação PSOL e Rede também deverá estar com o presidente, assim como o PSB. A incógnita é o PDT, já que setores do partido trabalham para lançar o ex-ministro Ciro Gomes após o escândalo no INSS ter derrubado Carlos Lupi do Ministério da Previdência.
Lula também mira as eleições em São Paulo. Boulos, que ficou em segundo lugar na eleição para a prefeitura da capital paulista em 2024, quando foi derrotado pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), é um dos nomes cotados para concorrer a governador. Além dele, também são opções: o ministro da Micro e Pequena Empresa, Márcio França (PSB), que recentemente lançou sua pré-candidatura; o ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT); e a ex-prefeita Marta Suplicy (PT).
Com Boulos indo para a Esplanada, a pulverização de candidatos à esquerda deve se reduzir, facilitando um entendimento entre PSB e PT. Nesse jogo, o nome do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), pode aparecer como alternativa ao Senado, já que há duas vagas em disputa.
É importante para Lula ter um palanque que aglutine seus aliados em São Paulo, local onde tradicionalmente enfrenta dificuldades por conta do antipetismo. Além disso, o governador do estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que deverá concorrer à reeleição ou disputar o Palácio do Planalto, possivelmente contará com robusta aliança que dará suporte ao projeto nacional da direita.