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Análise: Base do governo se deteriora

A negativa de Pedro Lucas (União-MA) ao ministério demonstra a pouca atratividade de uma participação no governo atualmente

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O desgaste gerado pela demissão do deputado Juscelino Filho (União-MA), que estava à frente do Ministério das Comunicações, expôs a fragilidade da base de apoio do governo no Congresso Nacional, especialmente na Câmara dos Deputados.

O imbróglio teve início após a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), anunciar que o deputado Pedro Lucas (União-MA), líder do União Brasil na Câmara, seria o novo ministro da pasta e ele, no entanto, pedir algumas semanas para organizar questões relativas a seu mandato na Casa. Posteriormente, o líder afirmou que tomaria a decisão em conjunto com a bancada do partido e, na última semana, acabou declinando do convite. Em seu posicionamento, o parlamentar alegou que no papel de líder partidário do União pode “dialogar com diferentes forças políticas e construir consensos”, ajudando mais o governo nesse cargo do que como ministro.

A negativa demonstra, porém, a pouca atratividade de uma participação no governo atualmente. Quando se pesa na balança a troca de funções, é possível compreender a decisão de Pedro Lucas. A avaliação é de que o governo não tem muito mais a oferecer, nem mesmo popularidade, como revelam as pesquisas mais recentes de opinião, além de a pasta contar com parcos recursos e pouca visibilidade.

Essa percepção se espalha também por outros partidos de centro, como se viu no episódio que envolveu as assinaturas do requerimento de urgência do PL da Anistia. Mais de 50% das assinaturas do requerimento eram de deputados de partidos supostamente da base do governo. O Planalto tentou revidar e ameaçou retirar cargos de indicados dos parlamentares caso a assinatura não fosse retirada, mas a ameaça não gerou o efeito esperado.

Outro ponto que deve incentivar mais ainda o afastamento dessa base é a federação formada por União Brasil e PP. A relação entre o governo e o União permanece ruim, não indo além do mínimo necessário, e a permanência do partido na base governista se deve hoje sobretudo à influência do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (AP). No caso do PP, o seu presidente, senador Ciro Nogueira (PI), apoia abertamente a candidatura do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), principal adversário do presidente Lula (PT).

O que parece é que o presidente não conseguiu converter a frente ampla, formada em 2022, em base sólida de governo. No primeiro ano de mandato, a expectativa era de que o governo teria uma base móvel, a depender do tema das votações, mas nem esse consenso foi alcançado. Vale lembrar que o governo sofreu para aprovar um simples projeto de reorganização da Esplanada dos Ministérios. O que pesa positivamente para Lula é que também não é vantajoso para esses partidos desistirem tão precocemente da disputa eleitoral de 2026. A tendência é que o relacionamento se mantenha, ainda que nas cordas, até o momento final de definição para as eleições.

Autor

  • Jornalista carioca erradicada em Brasília, com experiência em cobertura econômica e política. Formação pela PUC-Rio, com passagem pela CNN Brasil na áreas de produção de videorreportagem.

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