Aprovou, na última semana, o projeto de lei que isenta de Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF) os salários até R$ 5 mil mensais (PL nº 1.087/25). Apesar da pressão contrária, o texto final inclui a taxação de até 10% sobre altas rendas e dividendos. Durante a discussão no plenário, foi rejeitada uma emenda que criaria uma atualização automática da faixa de isenção do IR. O trecho chegou a ser destacado para votação em separado pelo PSB, mas não foi admitido por conta do potencial de gerar renúncia de receita adicional a cada ano. No lugar, o relator incluiu a sugestão de que o governo envie um novo projeto com uma política de atualização anual da tabela do IRPF.
O texto foi aprovado por unanimidade, com 493 votos a favor e nenhum contra. Além de o placar ser uma vitória para o governo federal, o relator, deputado Arthur Lira (PP-AL), sai fortalecido da votação. Importante destacar a efetividade da estratégia do governo ao escolher Lira como relator da proposta. Ex-presidente da Câmara, durante os quatro anos em que presidiu a Casa tornou-se conhecido por promover grandes acordos e por cumprir sua palavra. No período, Lira sempre contou com prestígio por parte da grande maioria dos deputados da Casa – de esquerda, centro ou direita.
A exemplo do poder de influência de Lira sobre os colegas, enquanto o parecer de plenário da proposta do IR era lido por ele, pelo menos oito destaques ao texto foram apresentados. Depois, ao longo da discussão da matéria, por meio de diálogo e de acordos, Lira conseguiu que todos os destaques fossem retirados. Assim, a sessão que aprovou a matéria durou apenas cerca de três horas. Vale pontuar que, usualmente, quando se trata de matéria sem consenso ou favorável ao governo, a oposição bolsonarista e de direita costuma usar ferramentas de obstrução que fazem a sessão adentrar a madrugada. Era o caso do IR, já que nem todos concordavam com a forma de compensação que envolvia a tributação de altas rendas.
Assim, Arthur Lira se reafirma como um grande articulador e reforça seu prestígio entre os pares. Quando deixou a presidência da Câmara, alguns parlamentares teceram críticas à sua gestão, citando a falta de previsibilidade da discussão das matérias e até certo atropelo do regimento interno em determinadas ocasiões. Caso decida não concorrer ao Senado por Alagoas, parece que Lira tem condições favoráveis para cumprir mais um mandato como deputado e retornar à cadeira que o alçou como o político poderoso que é hoje.