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Análise: A reforma ministerial forçada de Lula

As seis trocas ocorridas mantiveram as legendas que já estavam no governo e, além disso, todas foram impulsionadas por polêmicas

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Quando se fala em reformar a casa, grandes mudanças são esperadas. Após as eleições municipais de 2024, a expectativa era de que o presidente Lula (PT) realizasse uma reforma com mudança de nomes e de partidos na Esplanada dos Ministérios, visando garantir apoio para a reeleição em 2026. No entanto, em 2025, as seis trocas ocorridas mantiveram as legendas que já estavam no governo e, além disso, todas foram impulsionadas por polêmicas.

A primeira mudança de 2025 aconteceu em janeiro, com a chegada de Sidônio Palmeira ao cargo de ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência. O que motivou a troca foi a dificuldade do governo em comunicar os bons resultados da gestão e a necessidade de reverter a popularidade em queda. Diante dos inúmeros casos de fake news que vinha enfrentando, o presidente Lula confiou ao publicitário a capacidade de melhorar a imagem do governo.

A segunda e a terceira trocas ocorreram no Ministério da Saúde (MS) e na Secretaria de Relações Institucionais (SRI). Lula queria garantir o apoio da então presidente do PT, Gleisi Hoffmann, ao candidato Edinho Silva para comandar o partido. Por outro lado, também precisava melhorar a articulação com o Congresso. Assim, ofereceu a Gleisi o comando da SRI, e a Alexandre Padilha (PT), que atuava no cargo, o MS.

A quarta mudança foi feita no Ministério das Comunicações, com a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) apontando que o então ministro à frente da pasta, Juscelino Filho (União Brasil), estaria envolvido em desvio de emendas. A polêmica levou à queda de Juscelino, e Lula poderia ter usado a oportunidade para fortalecer sua base. No entanto, o escolhido pelo presidente para ocupar o cargo recusou a cadeira e o União Brasil preferiu indicar um nome técnico. Por fim, a situação gerou um mal-estar entre o governo e o União sem que houvesse qualquer ganho político.

Em seguida, com o escândalo da fraude no INSS, o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), foi exonerado do cargo. A situação também gerou mal-estar entre o governo e o partido. Diante da demissão, deputados da sigla anunciaram sua saída da base do governo. Por fim, a última mudança se deu no Ministério das Mulheres, quando a então ministra, Cida Gonçalves, foi substituída por Márcia Lopes, após acusações de assédio e xenofobia.

Diante dessa sequência de fatos, a percepção é de que a “reforma” ministerial de Lula teria visado, sobretudo, reduzir conflitos dentro do próprio partido e tentar desvincular a imagem do governo das polêmicas que envolviam seus ministros. Com as eleições se aproximando, Lula estaria mais focado em cultivar a relação com o partido, o eleitorado e os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, para fazer andar pautas prioritárias no Congresso Nacional.

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  • Curso jornalismo na Universidade de Brasília (UnB) e busco unir meus conhecimentos da área da comunicação com o propósito da Arko Advice de entregar as principais notícias da política brasileira.

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