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Análise: A posição estratégica do PSD para 2026

Ao mesmo tempo que atrela o futuro do partido a Tarcísio, revela poder ao colocar dois pré-candidatos no tabuleiro

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O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), durante passagem por Brasília na semana passada, encontrou-se na Câmara dos Deputados, pela primeira vez, com a bancada do partido ao qual recentemente se filiou. Leite também confirmou que é pré-candidato ao Palácio do Planalto nas eleições de 2026. Por sua vez, o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), posicionou-se igualmente como pré-candidato à Presidência em entrevista concedida à Jovem Pan.

As manifestações de Leite e de Ratinho não são novidade. Vale lembrar que o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, já havia dito que os governadores do Rio Grande do Sul e do Paraná são pré-candidatos do partido ao Planalto. Até o próximo ano, Leite e Ratinho farão movimentos com o objetivo de viabilizar uma eventual candidatura própria do PSD à Presidência.

Entretanto, o futuro do partido dependerá do futuro político do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O próprio Kassab tem afirmado que o futuro do PSD depende de Tarcísio. Ou seja, caso Tarcísio concorra à Presidência da República, o PSD vai apoiá-lo, o que inviabilizaria o projeto nacional de Eduardo Leite e de Ratinho Júnior.

Por outro lado, caso Tarcísio opte por concorrer à reeleição – o que também é defendido publicamente por Kassab –, abrem-se possibilidades para o PSD. Apesar das indefinições que cercam a sucessão de 2026 no campo da centro-direita, Leite e Ratinho continuarão suas movimentações políticas, já que caso Tarcísio não dispute a eleição presidencial poderá ser aberto um espaço para a construção de uma candidatura própria do PSD. Nesse caso, uma disputa interna entre Leite e Ratinho no PSD poderá ocorrer.

Robustecido após o desempenho nas eleições municipais do ano passado, quando elegeu o maior número de prefeitos no país, o PSD ocupa uma posição estratégica no tabuleiro de 2026. Assim, o apoio do PSD a Tarcísio pode fortalecer a construção de uma aliança de centro-direita. Por outro lado, se Tarcísio não disputar o pleito e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) insistir em escolher seu candidato sem uma articulação com as demais forças de centro e direita, o PSD poderá traçar um caminho próprio, fragmentando a centro-direita.

Hábil articulador, Gilberto Kassab tem a dimensão dessa força do PSD. Ao mesmo tempo que atrela o futuro do partido a Tarcísio, revela poder ao colocar dois pré-candidatos no tabuleiro. Até mesmo uma eventual aliança com o presidente Lula (PT) – apesar de improvável – não é totalmente descartada.

Autor

  • Analista Político da Arko Advice. Doutorando em Ciência Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Bacharel em Ciência Política (ULBRA-RS). Especialista em Ciência Política (UFRGS). Tem MBA em Marketing Político (Universidade Cândido Mendes).

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